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Chance de inflação ultrapassar teto da meta em 2025 chega a 71%, aponta Banco Central

Relatório de Política Monetária mostra maior risco de inflação acima do limite e pressões sobre alimentos, serviços e energia

Sede do Banco Central, em Brasília - 17/12/2024 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

247 - A inflação deve continuar sendo um dos principais desafios da economia brasileira em 2025. De acordo com o Relatório de Política Monetária (RPM) divulgado nesta quinta-feira (25) pelo Banco Central, a probabilidade de o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ultrapassar o teto da meta no próximo ano chega a 71%. Já a chance de o índice ficar abaixo do piso da meta é de 0%.

Segundo o Valor Econômico, o documento destaca que a meta contínua de inflação definida para 2025 é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Pela metodologia vigente desde janeiro, só há descumprimento formal da meta caso o índice permaneça por seis meses seguidos fora dessa faixa.

Projeções para inflação até 2028

As estimativas do Banco Central mostram que o IPCA deve encerrar 2025 em 4,8% e 2026 em 3,6%. Já para 2027, a expectativa é de 3,2% no último trimestre, enquanto para o início de 2028 a projeção recua a 3,1%. No acumulado de quatro trimestres até setembro deste ano, a inflação projetada está em 5,32%.

O relatório prevê ainda que a inflação mensal fique em 0,62% em setembro, 0,23% em outubro, 0,22% em novembro e 0,53% em dezembro. A revisão de setembro, que anteriormente era de 0,15%, ocorreu devido à reversão dos descontos na energia elétrica relacionados ao bônus de Itaipu e à aplicação da bandeira vermelha 2.

Setores em destaque: alimentos, serviços e energia

A autoridade monetária aponta que os preços de alimentação em domicílio devem seguir pressionados até o fim de 2025, impulsionados pela sazonalidade e por riscos de alta na carne bovina. Nos bens industriais, a expectativa é de que a taxa de câmbio e os preços ao produtor contribuam para estabilidade.

Em serviços, o BC projeta manutenção da pressão inflacionária, “consistente com o alto grau de inércia dos preços do segmento e com o mercado de trabalho ainda aquecido”. Já nos preços administrados, a variação deve depender fortemente da energia elétrica residencial. Apesar da hipótese de bandeira verde em dezembro, o cenário hídrico segue indicando risco elevado de bandeiras tarifárias mais restritivas.

Surpresas inflacionárias e revisão de previsões

O relatório de setembro também registrou uma surpresa positiva: a inflação acumulada no trimestre encerrado em agosto ficou 0,56 ponto percentual abaixo do previsto. O resultado foi influenciado pela redução nas tarifas de energia devido ao bônus de Itaipu, além de quedas em preços de alimentos e bens industriais, como automóveis novos, impactados pela redução do IPI.

Ainda assim, o BC destacou que parte desse alívio pode estar associada à valorização cambial e a fatores específicos, como a queda do preço do café no atacado até meados de julho.

Projeções para o crédito

No mercado de crédito, o Banco Central elevou de 8,5% para 8,8% a projeção de crescimento nominal do estoque em 2025. Para empresas, o avanço esperado passou de 7,3% para 8%, enquanto para pessoas físicas a previsão foi ajustada de 9,3% para 9,4%. O crédito direcionado deve ter maior expansão, de 9,5%.

Apesar da revisão para cima, o BC ressaltou que o ritmo de crescimento do crédito vem desacelerando, reflexo da política de juros elevados. Para 2026, a projeção é de alta de 8% no estoque total, com expansão mais moderada no crédito às famílias e leve aceleração no destinado a empresas.

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