Amcham vê diálogo Lula–Trump como chance de reequilíbrio
Após queda de 20% nas exportações aos EUA, entidade vê conversa entre presidentes como chance de reduzir distorções e ampliar negócios
247 - As relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos ganharam novo fôlego após o diálogo entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A conversa, realizada por telefone na segunda-feira (6), é vista como um passo decisivo para reconstruir pontes diplomáticas e econômicas entre os dois países, em meio a um cenário de desequilíbrio na balança comercial.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as exportações brasileiras ao mercado norte-americano caíram 20,3% em setembro, enquanto as importações de produtos dos EUA cresceram 14,3%. As informações foram publicadas pelo MDIC e repercutidas pela Amcham Brasil, que avalia o movimento como reflexo direto das sobretaxas impostas a diversos produtos nacionais.
No acumulado de janeiro a setembro, as vendas externas do Brasil para os Estados Unidos registraram leve retração de 0,6%, ao passo que as compras aumentaram 11,8%. O resultado ampliou o superávit americano para US$ 5,1 bilhões, evidenciando uma perda de competitividade para a indústria brasileira em setores estratégicos. Entre os mais prejudicados estão siderurgia, alumínio, máquinas e equipamentos, madeira, produtos químicos e manufaturas em geral.
Para a Amcham Brasil, o recente contato entre os dois presidentes representa um avanço importante na tentativa de corrigir essas distorções. “O comércio Brasil–EUA é sustentado por uma ampla rede de empresas, investimentos e interesses mútuos. Esperamos que o diálogo entre os presidentes abra caminho para negociações que devolvam previsibilidade e permitam preservar e expandir o comércio e os investimentos bilaterais”, afirmou Abrão Neto, presidente da entidade.
A Amcham ressalta que a retomada de um diálogo direto no mais alto nível político é crucial para reduzir barreiras comerciais e restabelecer a confiança entre os parceiros. Segundo a entidade, uma negociação mais equilibrada pode beneficiar tanto exportadores brasileiros quanto consumidores e empresas americanas, especialmente nos setores industriais de maior integração produtiva.
Ainda nesta semana, a Amcham Brasil divulgará a edição de setembro do Monitor do Comércio Brasil–EUA, publicação que traz análises detalhadas sobre o desempenho das trocas comerciais entre os dois países, incluindo dados sobre produtos, regiões e tendências de investimento. O relatório deve servir de base para futuras iniciativas de cooperação e ajustes na política de comércio exterior.