Após ligação entre Lula e Trump, Senado pode adiar votação sobre benefícios fiscais a empresas afetadas pelo tarifaço
Governo avalia adiar votação de projeto que reage ao tarifaço americano após conversa entre Lula e Trump
247 - A ligação telefônica feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na segunda-feira (6), pode ter impacto direto na agenda do Senado Federal. De acordo com a coluna do jornalista Igor Gadelha, do Metrópoles, o telefonema abriu espaço para o governo brasileiro repensar o calendário de votação de um projeto que concede benefícios fiscais a setores afetados pelo tarifaço americano.
Antes do contato entre os dois líderes, os senadores se preparavam para votar, na quarta-feira (8/10), dois destaques que modificariam o texto-base da proposta — já aprovada em setembro — que retira da meta fiscal as despesas e renúncias fiscais resultantes das medidas contra o aumento das tarifas impostas pelos EUA.
Planalto considera adiar votação após apelo de Lula a Trump
Nos bastidores, integrantes do Palácio do Planalto reconhecem que o governo avalia adiar a votação no Senado. A decisão seria uma estratégia para aguardar o andamento das negociações diplomáticas entre os dois países, após Lula ter pedido pessoalmente a Trump a revogação das sobretaxas americanas.
A intenção, segundo assessores, é evitar que o Congresso avance antes que haja uma sinalização concreta da Casa Branca sobre a possibilidade de flexibilizar o tarifaço. Uma eventual reunião presencial entre Lula e Trump também está sendo cogitada.
“O contato foi inicial”, dizem aliados do presidente
Aliados de Lula confirmaram ao Metrópoles que “o contato entre os dois presidentes foi inicial”, e destacaram que é necessário acompanhar a evolução das conversas entre as diplomacias brasileira e norte-americana para um cenário mais definido.
Esses interlocutores avaliam que a ligação representa uma abertura de diálogo importante, mas alertam que ainda não há garantias de que os Estados Unidos recuarão nas tarifas impostas a exportadores brasileiros.
Projeto fiscal busca compensar perdas com tarifaço
O projeto em discussão é considerado estratégico para o governo Lula. Ele autoriza o aumento da participação em fundos garantidores, cria incentivos fiscais para exportadores prejudicados e ajusta a meta fiscal ao excluir despesas emergenciais resultantes do tarifaço.
A proposta é vista como parte essencial da resposta brasileira às medidas de Trump, que impactaram setores como o agronegócio e a indústria de base. O governo espera usar o texto para mitigar as perdas e reforçar a competitividade dos produtos nacionais.
Expectativa é que negociações definam próximos passos
Com o telefonema e a sinalização de diálogo direto entre os dois presidentes, o Planalto deve aguardar os próximos movimentos diplomáticos antes de retomar a votação. Caso as tratativas avancem, o adiamento poderá consolidar uma estratégia conjunta entre Itamaraty e Congresso para alinhar a política econômica à diplomacia.
Enquanto isso, o mercado e os setores exportadores acompanham de perto o desfecho, que pode redefinir a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos nos próximos meses.