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Visitante come banana de obra avaliada em US$ 6 milhões e artista reage: "confundiu a fruta com a obra de arte"

Obra de Maurizio Cattelan volta a ser comida em museu. Italiano ironiza o ato e diz que visitante deveria ter ingerido também a casca e a fita

Homem posa para foto ao lado da obra "Comedian", de Maurizio Cattelan (Foto: Reuters/Eva Marie Uzcategui)

247 - Um episódio inusitado voltou a chamar atenção para a obra “Comedian”, do artista italiano Maurizio Cattelan. No último dia 12 de julho, um visitante do museu Pompidou, em Metz, na França, comeu a banana que compunha a instalação avaliada em US$ 6,2 milhões (aproximadamente R$ 34 milhões). A informação foi divulgada oficialmente pelo museu na sexta-feira (19), segundo reportagem da AFP repercutida pelo g1.

A obra, que consiste em uma banana colada com fita adesiva a uma parede branca, foi comprada neste ano em Nova York e já tinha se tornado objeto de polêmica desde seu lançamento, em 2019, na Art Basel de Miami, nos Estados Unidos. Segundo o Pompidou, após o ataque do visitante, “a equipe de segurança interveio rápida e calmamente” e a instalação foi “reinstalada em minutos”. Ainda de acordo com o museu, a substituição da fruta está prevista nas orientações do próprio autor, já que a banana é naturalmente perecível.

Em resposta ao episódio, Cattelan demonstrou ironia e frustração. “Fiquei decepcionado porque a pessoa não comeu também a casca e a fita”, declarou o artista. “Em vez de comer a banana com casca e fita adesiva, o visitante simplesmente consumiu a fruta".

Obra já foi comida outras vezes - O incidente recente não é o primeiro envolvendo a “Comedian”. Desde sua estreia, a obra tem gerado controvérsias e críticas ao mercado de arte contemporânea, que Cattelan considera especulativo e distante das necessidades dos próprios artistas. Em 2019, quando a peça era avaliada em US$ 1 milhão, o artista performático David Datuna também comeu a banana durante a exposição em Miami, justificando a ação dizendo que “ficou com fome”.

Mais recentemente, em 2024, o empresário Justin Sun — fundador da plataforma de criptomoedas Tron — comeu a fruta diante das câmeras, após comprar a obra pelo valor recorde de US$ 6,2 milhões.

O New York Post chegou a classificar o fenômeno como um sinal de que o mercado artístico “está à flor da pele” e que o mundo da arte “ficou louco”, diante da valorização de uma instalação que, à primeira vista, parece simples.

Outras polêmicas do artista - Conhecido por suas provocações, Maurizio Cattelan também é autor de outras obras que desafiam convenções. Um de seus trabalhos mais famosos, intitulado “América”, é um vaso sanitário de ouro maciço (18 quilates), totalmente funcional. Em 2020, a peça foi roubada durante uma exposição no Palácio de Blenheim, na Inglaterra — local de nascimento de Winston Churchill. Dois suspeitos foram presos em março deste ano, mas o ouro jamais foi recuperado.

Curiosamente, durante seu primeiro mandato, Donald Trump foi convidado a receber o vaso sanitário de Cattelan na Casa Branca, mas recusou a oferta.

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