Raoni pede a Lula e Macron veto ao petróleo e ao projeto Ferrogrão
Líder indígena fez apelo na COP30 e condenou projetos que ameaçam povos e biodiversidade da Amazônia
247 - Durante a abertura da Cúpula dos Povos, evento paralelo à COP30, o cacique Raoni Metuktire, uma das maiores lideranças indígenas do Brasil, fez um apelo direto aos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da Fraça,Emmanuel Macron. De acordo com o jornal O Globo, o líder Kayapó, de 93 anos, afirmou ter conversado com os dois presidentes por videoconferência na semana anterior.
“Falei com Lula e Macron para não perfurar petróleo aqui, nem permitir o Ferrogrão”, declarou. Em tom firme, completou que, se necessário, “puxo a orelha do presidente Lula”. As falas de Raoni foram feitas nesta quarta-feira (12), durante a cerimônia reuniu mais de 300 indígenas e ativistas na Amazônia, marcando o início da barqueata da Caravana da Resposta, na COP30.
Crítica à exploração e defesa da floresta
A crítica da Raoni foi feita na esteira do aval do Ibama para que a Petrobras possa dar início à exploração de petróleo na Margem Equatorial, região costeira que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte. Ambientalistas e lideranças indígenas temem que um eventual vazamento provoque danos irreversíveis aos ecossistemas que abrigam uma das maiores biodiversidades do planeta.
Raoni também criticou o projeto Ferrogrão (EF-170), ferrovia planejada para ligar Sinop (MT) a Miritituba (PA), com o objetivo de ampliar o escoamento de grãos pelo rio Tapajós. O projeto é apoiado por grandes tradings internacionais, como Cargill, Bunge, Amaggi, ADM e Louis Dreyfus, e é considerado um dos mais controversos da atual agenda de infraestrutura do governo federal.
“A soja é o maior vilão das comunidades indígenas”
Para o cacique, o avanço da soja representa uma das maiores ameaças às populações originárias. “Cada vez mais acarreta mais e mais desmatamentos. Contamina nossos rios e a nossa terra. As florestas estão vindo abaixo em troca de nada”, afirmou. Raoni destacou que as monoculturas agrícolas têm destruído o equilíbrio ambiental e comprometido a sobrevivência de várias aldeias.
Mensagem de paz e união entre povos
Em seu discurso, o líder indígena reforçou uma mensagem de convivência pacífica. Disse que pretende entregar pessoalmente uma carta da Cúpula dos Povos ao presidente da COP30 e enviou um recado ao povo brasileiro. “Não sou contra programas que unam brancos e indígenas. Há muito tempo brigávamos, os irmãos Villas-Boas me contaram sobre isso, então atuo para convivermos de forma pacífica. Para vivermos em paz”, afirmou.
O sertanista Orlando Villas-Boas, falecido em 2002, foi um dos maiores defensores dos povos indígenas. Junto de seus irmãos Cláudio, Leonardo e Álvaro, dedicou sua vida à construção de pontes entre o Brasil urbano e as comunidades da floresta.


