Noruega anuncia investimentos de US$ 3 bi no Fundo Florestas Tropicais para Sempre, idealizado por Lula
Brasil lidera iniciativa global que une países em modelo inédito de investimento sustentável
247 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou oficialmente em Belém (PA) o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma iniciativa pioneira voltada à preservação e valorização econômica das florestas tropicais. O projeto pretende colocar o Sul Global no centro da agenda ambiental, com um modelo de financiamento sustentável e governança compartilhada.
Nesta quinta-feira (6), Noruega e Portugal anunciaram a adesão ao fundo, tornando-se os primeiros países estrangeiros a investir na iniciativa. Segundo a agência Reuters, o governo norueguês destinará US$ 3 bilhões ao longo de dez anos. Mais cedo, Portugal anunciou que fará um aporte inicial de 1 milhão de euros (aproximadamente R$ 6,18 milhões). O Brasil já havia confirmado aporte de US$ 1 bilhão.
Um novo paradigma de financiamento ambiental
O TFFF rompe com o modelo tradicional de doações internacionais, propondo um fundo de capital misto sustentado por investimentos soberanos e privados. Os recursos serão aplicados em ações e títulos, gerando lucros que serão repartidos entre os países de florestas tropicais e os investidores. O Banco Mundial será responsável por hospedar o mecanismo financeiro e o secretariado interino, com expectativa de futura participação do Novo Banco de Desenvolvimento (dos BRICS) e do Banco Africano de Desenvolvimento.
Segundo Lula, o fundo representa “um passo histórico” na defesa do meio ambiente e no reconhecimento do valor econômico das florestas. “As florestas valem mais em pé do que derrubadas. Elas deveriam integrar o PIB dos nossos países”, declarou o presidente, defendendo uma nova forma de medir a riqueza.
Inclusão social e governança compartilhada
Uma das inovações do TFFF é a destinação de 20% dos recursos a povos indígenas, seringueiros, extrativistas e comunidades tradicionais. “Cuidar dos povos da floresta é cuidar das próprias florestas”, afirmou Lula. A governança será paritária entre países investidores e nações detentoras de florestas tropicais, com acompanhamento técnico e participação da sociedade civil. O monitoramento por satélite ocorrerá anualmente, com meta de manter o desmatamento abaixo de 0,5% e contabilizar áreas reflorestadas nos resultados.
O modelo busca captar até US$ 125 bilhões de fontes públicas e privadas, remunerando nações que mantêm baixos níveis de desmatamento e incentivando a preservação como atividade economicamente viável.
Apoio internacional e simbolismo amazônico
O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, destacou que a adesão de Portugal reforça o compromisso com o desenvolvimento sustentável. “Vamos estar desde o início ligados a este que é mais um projeto concreto que queremos que seja implementado e possa corresponder a uma maior capacidade de preservação no futuro”, afirmou. Já o investimento bilionário da Noruega confirma o interesse global em fortalecer o novo modelo proposto pelo Brasil.
Rumo à COP30 e a consolidação da diplomacia verde
O Fundo de Florestas Tropicais para Sempre foi apresentado como um dos resultados concretos que antecedem a COP30, a ser sediada em Belém. A criação do TFFF simboliza a tentativa brasileira de liderar um novo paradigma de cooperação ambiental global, unindo retorno financeiro e preservação ecológica.
Com o apoio de Portugal e da Noruega, o Brasil busca atrair novos aportes e consolidar a credibilidade internacional do fundo. A expectativa é que o TFFF se torne um marco na diplomacia verde e um instrumento duradouro para proteger as florestas tropicais e fortalecer as economias que dependem delas.


