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Lula compara Bíblia e Amazônia: “todo mundo sabe que existe e interpreta cada um da sua forma”

“Extremistas fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais e aprisionar as gerações futuras”, discursou o presidente Lula

Lula Foto: Ricardo Stuckert / PR (Foto: Ricardo Stuckert)

247 - Durante a abertura da Plenária Geral da COP30, realizada nesta quinta-feira (6) em Belém (PA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) emocionou o público ao comparar a Amazônia à Bíblia, destacando a importância simbólica e espiritual da floresta para o planeta. “A Amazônia para o mundo é como se fosse uma Bíblia: todo mundo sabe que existe e interpreta cada um da sua forma”, afirmou o presidente, ao defender a realização da conferência “no coração da floresta”, pela primeira vez na história das Cúpulas do Clima.

O discurso de Lula reforçou o papel do Brasil como anfitrião e protagonista nas discussões sobre o futuro climático do planeta. “Os olhos do mundo se voltam a Belém com imensa expectativa. Pela primeira vez uma COP terá lugar no coração da Amazônia”, declarou. O presidente destacou que a floresta abriga “milhares de espécies de plantas e animais” e “milhões de pessoas e centenas de povos indígenas” que convivem com o dilema entre prosperidade e preservação, mas que, na prática, “são os verdadeiros guardiões de um dos maiores patrimônios naturais da humanidade”.

Lula afirmou que é hora de o mundo ouvir os povos amazônicos e questionar o que está sendo feito para evitar o colapso ambiental. “É justo que seja a vez dos amazônidas de indagar o que está sendo feito pelo resto do mundo para evitar o colapso da sua casa”, disse. O presidente classificou o ano de 2025 como “um marco para o multilateralismo” e reforçou que o Acordo de Paris, firmado há uma década, é “espelho das maiores qualidades e limitações da ação coletiva”.

O presidente também destacou que 2024 foi o primeiro ano em que a temperatura média da Terra ultrapassou 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, o que, segundo ele, reforça a urgência de “levar a sério os alertas da ciência”. Lula alertou que o planeta caminha para ser 2,5 °C mais quente até o fim do século, o que pode causar “perdas humanas e materiais drásticas”. “Mais de 250 mil pessoas poderão morrer a cada ano e o PIB global pode encolher até 30%”, afirmou.

Em um dos momentos mais contundentes de seu pronunciamento, Lula criticou a ação de grupos políticos que, segundo ele, atrasam o avanço da agenda ambiental global. “Forças extremistas fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais e aprisionar as gerações futuras a um modelo ultrapassado que perpetua disparidades sociais e degradação ambiental”, declarou.

O presidente também defendeu que o combate à mudança do clima precisa estar “no centro das decisões de cada governo, empresa e pessoa”, destacando que as discussões diplomáticas não podem se distanciar da realidade cotidiana. “As pessoas podem não entender o que são emissões ou toneladas métricas de carbono, mas sentem a poluição. Podem não compreender o que são sumidouros de carbono, mas reconhecem o valor das florestas e dos oceanos”, disse.

Encerrando seu discurso, Lula agradeceu aos trabalhadores que contribuíram para a organização do evento e exaltou a oportunidade de mostrar ao mundo a riqueza cultural da região. “Nós queríamos que as pessoas viessem aqui para ver o que é a Amazônia, o povo da Amazônia, a natureza da Amazônia, a culinária da Amazônia”, afirmou, sendo aplaudido pelo público.

A COP30, sediada em Belém, marca a primeira conferência climática da ONU realizada na Amazônia e representa um marco para o debate sobre o papel do Brasil na liderança da transição ecológica global.

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