Será que os EUA realmente lucram com as tarifas mais altas em quase um século?
De acordo com as estimativas mais recentes, a média de tarifas efetiva dos EUA atingiu 18,3%, o nível mais alto em quase um século
CGTN – Em 7 de agosto, a nova versão do governo estadunidense das chamadas "tarifas recíprocas" entrou oficialmente em vigor. Um total de 69 países e regiões do mundo começam a arrecadar tarifas que variam de 10% a 41%. De acordo com as estimativas mais recentes, a média de tarifas efetiva dos EUA atingiu 18,3%, o nível mais alto em quase um século. No entanto, será que os EUA realmente lucraram com isso? Muitos analistas acreditam que, na luta contra a intimidação tarifária estadunidense, as contramedidas vigorosas de algumas economias impediram a exportação de diversos produtos norte-americanos, causando prejuízos para as empresas dos EUA, além de interromper as suas cadeias industriais e de suprimentos e deixar o povo estadunidense enfrentando crises de alta de preços e inflação crescente.
Em relação à indústria manufatureira, os resultados da recente pesquisa do Institute for Supply Management (ISM, na sigla em inglês) mostram que o Índice de Gerentes de Compras (PMI) do setor manufatureiro dos EUA caiu para 48% em julho, queda em cinco meses consecutivos. Em julho, 79% dos setores do PIB industrial dos EUA apresentaram contração, muito mais alto do que os 46% registrados em junho. O site do Wall Street Journal publicou um artigo no dia 6 afirmando que incertezas, incluindo as políticas tarifárias dos EUA, estão pressionando a indústria manufatureira nacional, com quase toda a atividade econômica relacionada à indústria em retração desde o início do ano.
Falando de empregos, o governo dos EUA alegou a garantia do “pleno emprego” por meio de tarifas, mas dados divulgados recentemente pelo Departamento do Trabalho dos EUA mostram que a taxa de desemprego nos EUA aumentou 0,1 ponto percentual em relação ao mês anterior, para 4,2% em julho. Atualmente, o período médio de desemprego nos EUA é de 24,1 semanas, o maior nível em mais de três anos. Conforme dados divulgados pelo Institute for Supply Management, o índice de emprego dos EUA em julho foi de apenas 43,4, o menor nível em mais de cinco anos.
Além disso, a situação da inflação nos EUA não é otimista. Segundo o Departamento de Análise Econômica dos EUA (BEA, na sigla em inglês), o índice de preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE), um dos indicadores de inflação dos EUA, subiu 2,6% em junho em relação ao mesmo período do ano anterior, ante 2,4% em maio e superando a meta ideal de inflação de 2%.
Um estudo da Universidade de Yale diz que, após a entrada em vigor das "tarifas recíprocas", os preços nos EUA aumentarão 1,8% no curto prazo, o equivalente a uma redução de US$ 2.400 na renda familiar este ano. Além disso, quase metade das empresas norte-americanas planeja demitir funcionários ou fechar fábricas devido à pressão de custos.
O impacto das tarifas sobre as empresas dos EUA continua se tornando evidente. Empresas como Whirlpool e Procter & Gamble são diretamente influenciadas pelas tarifas. O CEO da Apple, Tim Cook, alertou que a empresa terá prejuízos de US$ 1,1 bilhão neste trimestre devido às tarifas.
Lembram que, na década de 1930, os EUA impuseram tarifas sobre mais de 20 mil produtos importados em todo o mundo, desencadeando retaliação comercial de outros países, fazendo com que o comércio global encolhesse em mais de 60% em cinco anos e levando à Grande Depressão nos EUA. Um século depois, esse cenário de pesadelo provavelmente se repetirá.
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