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      Entrevista do CMG com Jorge Moreira da Silva, diretor executivo do UNOPS

      O que é particularmente injusto é que muitos dos países mais afetados não são os principais responsáveis pelas emissões de carbono

      (Foto: CGTN)

      CGTN – Com a ocorrência frequente de eventos climáticos extremos e a disseminação e expansão de conflitos, o mundo enfrenta enormes desafios. Como o administrador de projetos da ONU na linha de frente vê a relação entre mudanças climáticas, paz e desenvolvimento? E como interpreta o papel da China na governança global? Confira a entrevista feito pelo Grupo de Mídia da China (CMG, na sigla em inglês), com Jorge Moreira da Silva, diretor executivo do Escritório das Nações Unidas para Serviços de Projetos (UNOPS).

      Jornalista: O Sr. mencionou um fenômeno notável: muitos países ou regiões severamente afetados por desastres climáticos extremos também enfrentam frequentemente guerras e conflitos. Por que existe essa relação?

      Jorge Moreira da Silva: Acredito que as mudanças climáticas agravam as vulnerabilidades nacionais. Sem resiliência, os países não conseguirão promover o desenvolvimento de forma eficaz. Quanto mais resiliente um país for aos riscos, mais sólida será sua base para o desenvolvimento. Portanto, mudanças climáticas e desenvolvimento estão intimamente ligados. Da mesma forma, paz e desenvolvimento são inseparáveis. Um país em meio a uma guerra não pode alcançar o desenvolvimento a longo prazo. Embora esses três fatores possam não constituir necessariamente uma relação causal estrita, eles frequentemente ocorrem simultaneamente na mesma região, criando um efeito cumulativo significativo. Esse impacto interligado é particularmente preocupante, exacerbando o sofrimento e a injustiça.

      O que é particularmente injusto é que muitos dos países mais afetados não são os principais responsáveis pelas emissões de carbono. É por isso que devemos expressar nosso apelo por uma solidariedade mais forte. Sem solidariedade e colaboração globais, esses países não conseguem lidar sozinhos com conflitos, fragilidades e choques climáticos simultaneamente. Apoiar os países em desenvolvimento não é apenas uma responsabilidade moral, mas também do interesse global, visto que vivemos em um mundo altamente interdependente. Imagine se a China, a Europa ou os Estados Unidos se tornassem neutros em carbono amanhã — por mais irrealista que isso seja —, isso não resolveria, fundamentalmente, as mudanças climáticas. Se os países em desenvolvimento, particularmente os do Sul Global, não receberem o apoio necessário, suas emissões de carbono continuarão a aumentar.

      Jornalista: Este ano marca o 80º aniversário das Nações Unidas. Embora o sistema internacional tenha sofrido algum grau de divisão ao longo das décadas, as Nações Unidas, em geral, mantiveram a solidariedade global. Como membro fundador das Nações Unidas, a China tem participado ativamente e consistentemente de assuntos da ONU. Hoje, a China é vista como líder no Sul Global e contribuinte fundamental para o desenvolvimento global. Como o Sr. avalia o papel da China no sistema ONU?

      Entrevista do CMG com Jorge Moreira da Silva, diretor executivo do UNOPS

      Jorge Moreira da Silva: O papel da China na governança internacional atual é indispensável. Nosso diálogo de hoje abordou uma ampla gama de áreas, desde mudanças climáticas até cooperação para o desenvolvimento, nas quais a China desempenhou um papel positivo. Acredito que o apoio inabalável da China ao multilateralismo é fundamental. O mundo hoje precisa urgentemente fortalecer os mecanismos de coordenação global e revitalizar o sistema de cooperação multilateral. Nesse contexto, a China desempenha um papel vital.

      Jornalista: Falando em cooperação com a China, quais resultados o Sr. espera alcançar durante sua visita à China para trocar opiniões e se reunir com departamentos e instituições chinesas concernentes?

      Jorge Moreira da Silva: A China é sempre um participante fundamental no desenvolvimento global. Por muitos anos, o país tem apoiado ativamente os países em desenvolvimento em diversas regiões, incluindo a África, e promovido a cooperação para o desenvolvimento. Tanto a Iniciativa de Desenvolvimento Global quanto a Iniciativa Cinturão e Rota são manifestações concretas do aprofundamento da parceria da China com países em desenvolvimento e da promoção do desenvolvimento comum. Ao mesmo tempo, o UNOPS tem se comprometido a colaborar com países em desenvolvimento, doadores, bancos multilaterais de desenvolvimento e outras agências da ONU, com foco no apoio ao desenvolvimento de infraestrutura em países em desenvolvimento.

      Ao lidar com as mudanças climáticas, a China está firmemente comprometida em atingir o pico de carbono antes de 2030 e a neutralidade de carbono antes de 2060. Diante do desafio comum das mudanças climáticas, a China defende a cooperação, o compartilhamento e o benefício mútuo para com todos, não apenas acelerando sua própria transformação, mas também injetando certeza e esperança no mundo. Olhando para o futuro, a China está se tornando uma força fundamental no desenvolvimento verde global.

      No final deste ano, teremos a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima em Belém, capital do estado do Pará, Brasil. Nessa ocasião, o mundo deve responder à pergunta: Estamos dispostos a ajustar nossas metas nacionais de redução de emissões e fortalecer a cooperação global para garantir que a meta de 1,5°C seja alcançada? Ou continuaremos a correr riscos e permitiremos que a tendência de aquecimento atinja 2,9°C? Este é um momento decisivo para o futuro e devemos enfrentá-lo de frente. Espero que o compromisso inabalável da China com a cooperação para o desenvolvimento, a ação climática e a agenda verde motive fortemente todos os países a lutarem juntos por objetivos de nível superior. Vale ressaltar que a China fez investimentos significativos em energia renovável e mobilidade elétrica, demonstrando plenamente que o desenvolvimento verde não só é viável, como também pode gerar empregos e crescimento econômico. A China não está apenas promovendo a transformação verde propriamente, mas também colaborando ativamente com os países em desenvolvimento para promover conjuntamente o desenvolvimento verde.

      Entrevista do CMG com Jorge Moreira da Silva, diretor executivo do UNOPS

       

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