Um ano após queda de avião da Voepass, famílias aguardam conclusões e indenizações
As ações de indenização correm paralelamente ao processo de recuperação judicial
247 - Há exatamente um ano, em 9 de agosto de 2024, o voo 2283 da Voepass Linhas Aéreas caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, matando todos os 62 ocupantes. A aeronave ATR-72, que seguia de Cascavel (PR) para Guarulhos (SP), foi registrada em vídeo por moradores enquanto despencava em um “parafuso chato”, movimento praticamente irrecuperável para aviões desse porte. As informações são do UOL.
Desde então, familiares das vítimas seguem na Justiça para garantir indenizações, enquanto órgãos federais avançam nas investigações. O relatório final do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), previsto para ser divulgado na próxima quarta-feira (13), poderá confirmar ou descartar as hipóteses levantadas na apuração preliminar, divulgada em setembro de 2024.
O último voo
O avião, de matrícula PS-VPB e fabricado em 2010, decolou de Cascavel às 11h58 com 58 passageiros e quatro tripulantes, todos qualificados e experientes no modelo. Poucos minutos após a partida, o detector eletrônico de gelo da asa esquerda foi acionado, levando à ativação do sistema de degelo. O alerta se repetiu diversas vezes durante o cruzeiro, e a tripulação chegou a enfrentar falhas nesse sistema.
Nos minutos finais, surgiram mensagens críticas no painel — “Cruise Speed Low” (velocidade baixa), “Degraded Performance” (desempenho degradado) e “Increase Speed” (aumentar velocidade). Com a queda da velocidade e forte vibração, a aeronave entrou em perda de sustentação (stall) e, em seguida, no parafuso chato que culminou na colisão às 13h22, em área residencial. Não houve incêndio antes do impacto.
Relatório preliminar
A investigação do Cenipa apontou dois fatores principais: formação severa de gelo e perda de controle em voo. Entre as constatações, destacam-se:
- falhas e ativações repetidas do sistema antigelo;
- condições meteorológicas favoráveis à formação de gelo intenso;
- mensagens de baixa velocidade e desempenho comprometido;
- procedimentos adotados que não evitaram a perda de sustentação;
- tripulação qualificada e apta para a operação;
- uma unidade de ar-condicionado estava inoperante, conforme previsto na lista de equipamentos mínimos.
O Cenipa reforça que seu objetivo não é apontar culpados, mas identificar causas para prevenir novas tragédias.
Impacto na empresa
Fundada em 1995 como Passaredo, a Voepass operava principalmente voos regionais com aeronaves ATR. O PS-VPB foi incorporado à frota em 2022. Após o acidente, a empresa enfrentou crise financeira agravada pela suspensão de seu Certificado de Operador Aéreo pela Anac, em março de 2025. Sem voar, pediu recuperação judicial no mês seguinte, atribuindo parte das dificuldades ao rompimento do codeshare com a Latam, que respondia por mais de 90% da receita.
Próximos passos
As ações de indenização correm paralelamente ao processo de recuperação judicial. Especialistas do setor acreditam que o caso pode levar a mudanças nos manuais de operação em gelo severo, no treinamento de pilotos e na confiabilidade dos sistemas antigelo dos ATR-72.
Um ano depois, a tragédia do voo 2283 continua como alerta para a aviação regional brasileira, marcada por lições que ainda estão sendo escritas e pela dor das famílias que aguardam justiça.
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