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Transpetro: estaleiros brasileiros disputam navios gaseiros em nova licitação

Presidente da subsidiária da Petrobras defende subsídios e anuncia expansão que pode quase dobrar a frota própria

Estaleiro da Seatrium (Foto: Divulgação/Seatrium)

247 - O presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, afirmou que pelo menos “dois ou três” estaleiros brasileiros participam da licitação para a construção de oito navios gaseiros encomendados pela Petrobras. A declaração foi feita nesta terça-feira (9), durante o evento Rio Pipeline, no Rio de Janeiro, segundo reportagem da Agência iNFRA. Os envelopes com as propostas serão abertos no próximo dia 22 de setembro.

Ainda de acordo com a Agência iNFRA, Bacci antecipou que, após esse processo, será lançado um terceiro edital para mais quatro navios da classe MR1, de médio porte, destinados à cabotagem. Os resultados desta nova concorrência devem sair entre janeiro e fevereiro de 2026.

Expansão da frota e novos projetos

A Transpetro avalia também encomendar quatro petroleiros de grande porte, do tipo Panamax, a serem incluídos no Plano Estratégico 2026-2030. “Acertei com a presidente Magda [Chambriard] de colocar no Plano 26-30, quatro navios Pmax para estudo. O que isso significa? Que vamos começar a trabalhar isso e, se virmos que é viável, a gente coloca em implantação e solta a licitação no ano que vem”, explicou Bacci.

Segundo ele, a estratégia da Petrobras é manter editais em sequência, garantindo continuidade para a indústria naval. Foi esse o caso do certame dos navios classe Handy, vencido pelo consórcio Ecovix/Mac Laren por R$ 278 milhões, que antecedeu a licitação dos gaseiros.

Bacci ressaltou que a meta é praticamente dobrar a frota: “Nós tínhamos 26 navios próprios e oito afretados, totalizando 34 navios. Estamos contratando para deixar, efetivamente, 20 navios sendo construídos e mais nove afretados, ou seja, mais 29 embarcações, o que quase dobra a frota. Essa conta não inclui os quatro Panamax. Se estes entrarem, chegamos perto de 95% de expansão”.

Defesa dos subsídios à indústria naval

Ao lado do presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás Natural (IBP), Roberto Ardenghy, Bacci defendeu o apoio estatal ao setor. “Quando a gente fala de subsídio no Brasil, parece que a gente está falando um palavrão. E eu digo: indústria naval em qualquer lugar do mundo só funciona com a mão do Estado. Isso é para sempre? Não é para sempre. Mas não dá para fazer voo de galinha”, afirmou.

Ele argumentou que a indústria precisa de uma demanda contínua de longo prazo: “Preciso de uma demanda de pelo menos 20 anos para que possamos pegar um voo de cruzeiro e seguir sem os subsídios. Estou trabalhando para deixar essa demanda”.

Concorrência internacional e limitações nacionais

Embora empresas estrangeiras possam concorrer, a Transpetro avalia fatores como impostos de importação, de forma a equilibrar as propostas em relação às nacionais. No Brasil, os estaleiros contam com instrumentos como o Fundo da Marinha Mercante, depreciação acelerada e, futuramente, o Fundo Garantidor de Crédito, em estudo pelo BNDES e governo federal.

Bacci citou ainda exemplos internacionais: “A China trabalha com subsídios governamentais, a Coreia do Sul com subsídios cruzados em outros setores e os Estados Unidos reservam a cabotagem apenas para navios construídos, registrados e tripulados nos EUA”.

Apesar da ênfase na produção nacional, os nove navios a serem afretados virão da Coreia do Sul. “Esses navios estão sendo feitos na Coreia do Sul porque os estaleiros brasileiros, neste momento, não teriam como atender a demanda no curto prazo de tempo que eu tenho. Preciso desses navios para 2028 e 2029, por conta da demanda da Petrobras”, concluiu.

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