Tarcísio pede autorização para visitar Bolsonaro em Brasília

247 - Em meio à crescente especulação sobre seu nome como possível presidenciável em 2026, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), solicitou autorização para visitar Jair Bolsonaro (PL), que cumpre prisão domiciliar por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). 

Segundo a Folha de S. Paulo, Tarcísio planejava um almoço com Bolsonaro durante viagem a Brasília nesta quinta-feira (7), onde participa da tradicional cerimônia de entrega das espadas aos novos oficiais-generais do Exército — entre os promovidos, estão colegas de sua turma na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Com a prisão domiciliar decretada, o encontro presencial ficou condicionado à autorização judicial, que, até a noite da quarta-feira (6), ainda não havia sido concedida.

A presença do governador na cerimônia, restrita usualmente a familiares e à alta cúpula das Forças Armadas, tem um simbolismo especial: ele prestigia antigos companheiros de farda justamente quando parte deles atinge o generalato, coincidindo com o momento em que seu nome passa a ser ventilado como potencial sucessor de Bolsonaro na liderança da direita.

A ligação com os militares - Tarcísio ingressou na Escola Preparatória de Cadetes do Exército em 1992 e formou-se na Aman em 1996, integrando a Turma Bicentenário da Inconfidência Mineira, até então a maior da história da academia. Deixou a carreira militar em 2008 como capitão, após passagem pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e atuação na missão da ONU no Haiti (2005–2006). Desde então, migrou para o serviço público civil, mas manteve relações estreitas com os antigos colegas de Exército, como evidenciam os grupos de WhatsApp e encontros periódicos.

Seu vínculo com os militares permanece forte: o controlador-geral do estado, Wagner Rosário, é seu contemporâneo na Aman e também atuou no governo Bolsonaro. Apesar dessa proximidade, Tarcísio não integrou o núcleo militar da gestão federal anterior e tampouco é alvo do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado no STF.

A visita a Bolsonaro e os sinais ao bolsonarismo - Se for autorizada, a visita a Bolsonaro será uma oportunidade política importante para Tarcísio, que tem sido criticado por setores do bolsonarismo mais radical. Sua ausência na manifestação realizada na Avenida Paulista no último domingo gerou reações públicas, incluindo ataques do pastor Silas Malafaia e dos filhos de Bolsonaro, Flávio e Eduardo, que sugeriram deslealdade.

Interlocutores de Tarcísio alegam que o gesto de visitar Bolsonaro, se autorizado, serviria como sinal de lealdade e busca por orientações políticas. O governador costuma se encontrar com Bolsonaro sempre que está em Brasília, comportamento que tem mantido desde sua eleição.

O generalato e os novos tempos do Exército - A cerimônia desta quinta-feira marca a promoção de 16 coronéis a generais-de-brigada — primeiro dos três patamares do generalato — abrindo caminho para que, nos próximos anos, colegas de turma de Tarcísio possam galgar os postos mais altos da hierarquia militar. Apenas uma minoria deve atingir as quatro estrelas, o topo da carreira, em cerca de oito anos.

No passado recente, o Exército teve papel central na construção da candidatura de Bolsonaro, com destaque para o general Eduardo Villas Bôas, cuja atuação política, como o polêmico tuíte que pressionou o STF às vésperas do julgamento de Lula, marcou uma fase de forte politização da Força.

Esse movimento, no entanto, tem sido contido sob o atual comandante do Exército, general Tomás Paiva, que procura reforçar a separação entre os quartéis e a política.