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Sem voto de Fux após 2028, estratégia bolsonarista perde força no STF

Plano de aliados de Bolsonaro aposta em Tarcísio de Freitas para 2026

Jair Bolsonaro e o STF (Foto: Reuters I Antonio Augusto/STF)

247 - O plano para tentar livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro de suas condenações passa por eleger o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à Presidência em 2026 e, a partir daí, alterar a composição do Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com a Coluna do Estadão, a expectativa entre aliados de Bolsonaro é que o próximo presidente da República tenha a oportunidade de indicar pelo menos três ministros ao STF, já que a aposentadoria compulsória ocorre aos 75 anos. Tarcísio já prometeu que, caso eleito, concederá indulto a Bolsonaro como primeira medida de governo. Além disso, teria condições de escolher novos nomes para a Corte mais próximos ao projeto de absolver o ex-presidente.

O cálculo dos bolsonaristas, no entanto, sofre um revés. Luiz Fux, que votou pela absolvição de Bolsonaro no julgamento da trama golpista e chegou a ser considerado “tábua de salvação” pelo grupo, será justamente o primeiro ministro a deixar o Supremo por aposentadoria compulsória. Ele completa 75 anos em abril de 2028 e, portanto, não estará disponível em uma eventual futura composição favorável a Bolsonaro.

Isso significa que, mesmo com as mudanças previstas, o placar da Corte não se altera no curto prazo. Os outros ministros que também terão de se aposentar nos próximos anos são Cármen Lúcia, em abril de 2029, e Gilmar Mendes, em dezembro de 2030.

Embora não mude a balança do Supremo, o voto de Fux repercutiu politicamente. A decisão foi usada pelo Centrão para tentar isolar Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e barrar suas pretensões de concorrer ao Palácio do Planalto em 2026. A leitura entre parlamentares é de que apenas Tarcísio teria condições de articular um diálogo com o Judiciário, ainda que tenha acumulado desgastes recentes ao criticar a Corte, chegando a mencionar “ditadura” e “tirania” em referência ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes.

Tarcísio aposta do Centrão

Mesmo após esses embates, lideranças do Centrão avaliam que Tarcísio mantém mais chances de construir pontes institucionais do que qualquer candidato do clã Bolsonaro. Segundo essa interpretação, nomes da família teriam portas fechadas no Supremo, enquanto o governador paulista ainda poderia negociar.

Esse raciocínio reforça a estratégia de consolidar Tarcísio como candidato competitivo para 2026. Além do prometido indulto, ele seria peça-chave para redefinir a composição do Supremo, já que o próximo presidente poderá nomear até três ministros. Para aliados, essa mudança de cenário político e jurídico pode ser crucial para os planos de Bolsonaro.

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