Presidente do PT diz que Derrite ‘partidariza’ segurança pública
Edinho Silva afirma que escolha do relator compromete o debate
247 - O presidente nacional do PT, Edinho Silva, elevou o tom das críticas à condução do Marco da Segurança Pública, projeto baseado no PL Antifacção, de autoria do governo federal. Em entrevista à CNN Brasil, o dirigente afirmou que a nomeação do deputado federal e secretário licenciado de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP-SP), para relatar o texto na Câmara dos Deputados, representa a “partidarização” de um tema que deveria unir o país.
Na entrevista, Edinho responsabilizou o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pela crise em torno da tramitação da proposta. “Hugo Motta destruiu a possibilidade de o país ter uma proposta estruturada de segurança pública. Com o Derrite, jogou fora essa possibilidade”, declarou. “Derrite significa a partidarização de um tema que deveria unificar as lideranças políticas. Não se pode montar palanque sobre algo tão emergencial para a sociedade”, completou.
Críticas diretas a Hugo Motta e ao relator
Nas redes sociais,Edinho afirmou que, apesar da boa relação com Hugo Motta, discorda frontalmente da escolha. “Se soubesse com antecedência sobre a escolha de Derrite, teria pedido ao presidente da Câmara que revisse a indicação”, escreveu.
Edinho também classificou Derrite como “um representante da ultradireita de inspiração fascista” e disse que a decisão representa “um desrespeito aos parlamentares da Casa”. Ele questionou se “não havia nenhum deputado empossado em condições de relatar o projeto Antifacção”, apontando para uma “total partidarização e politização de um tema que deveria ser tratado sem paixões”.
Relatório e críticas à limitação da PF
As críticas de Edinho se intensificaram após a divulgação do relatório de Derrite, que, na versão inicial, restringia a atuação da Polícia Federal em investigações sobre o crime organizado. Após críticas do Palácio do Planalto, o relator alterou o texto para ampliar a competência da corporação, mas as mudanças não foram suficientes para conter o descontentamento do PT.
“As mudanças continuam limitando a atuação da PF, atacam a autonomia da instituição que mais tem condições de enfrentar o crime organizado. Ter que comunicar governos estaduais das suas investigações limita a ação contra o crime e vai propiciar o vazamento de operações. Com esse relatório do Derrite, só o crime organizado e corruptos ganham”, afirmou Edinho.


