PF investiga se metanol abandonado após operação policial foi utilizado na produção de bebidas falsificadas
"Essa é uma hipótese que está sendo estudada, trilhada, acalentada pela PF”, disse o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
247 - A Polícia Federal investiga se o metanol abandonado após uma operação contra o crime organizado teria sido usado para falsificar bebidas alcoólicas, afirmou nesta terça-feira (7) o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
“Todos sabem que recentemente tivemos uma enorme ação de combate à infiltração de crime organizado na área de combustíveis. Muitos caminhões e tanques de metanol foram abandonados depois da operação. Essa é uma hipótese que está sendo estudada, trilhada, acalentada pela PF”, disse o ministro à imprensa, de acordo com a Folha de S. Paulo.
Investigações seguem em fase inicial
Lewandowski ressaltou que as apurações estão em fase embrionária e que nenhuma hipótese foi descartada até o momento. Ele destacou que a Polícia Federal busca entender a origem do metanol usado nas bebidas e possíveis conexões com grupos criminosos.
“Se esta é uma origem do metanol que está adulterando as bebidas, então a atuação repressiva será numa direção. Se tiver origem a partir de produtos agrícolas, a repressão terá outros alvos”, explicou.
O ministro frisou ainda que o conceito de crime organizado é amplo e pode abranger diferentes formas de atuação: “Quando falamos em crime organizado, não estamos nos referindo necessariamente àquelas conhecidas facções, que têm siglas às quais não gosto de me referir. Pode ser que haja organização criminosa especializada em distribuir metanol para adulterar bebidas, não deixa de ser uma organização criminosa.”
Polícia paulista descarta envolvimento de facções
Em São Paulo, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, afirmou na segunda-feira (6) que a polícia local descartou a relação entre as intoxicações por metanol e o crime organizado. A principal linha de investigação, segundo ele, é o uso de etanol de baixa qualidade na produção clandestina de bebidas.
Governo criará comitê para enfrentar a crise
Durante reunião com representantes do setor de bebidas, Lewandowski anunciou a criação de um comitê informal para coordenar ações conjuntas entre o governo e a iniciativa privada.
“Existe o folclore de que quando não se quer resolver o problema, cria-se uma comissão, mas não é disso que se trata”, afirmou o ministro.
A proposta é reunir, em um portal, as medidas adotadas para combater a falsificação de bebidas. Estiveram presentes representantes da Abrabe, ABBD, CNI, FNCP e ABCF.
O ministério também informou que 15 estabelecimentos já foram notificados a apresentar informações sobre a origem de seus produtos e que outros 15 serão acionados nos próximos dias.
Casos de intoxicação preocupam autoridades de saúde
O Ministério da Saúde confirmou 17 casos de intoxicação por metanol e 200 sob investigação em todo o país, após o consumo de bebidas adulteradas. Em São Paulo, duas mortes foram confirmadas e outras 12 ainda estão em apuração.
As autoridades recomendam evitar bebidas destiladas sem procedência e alertam que sintomas como tontura, dor abdominal intensa e confusão mental exigem atendimento médico imediato.
O ministério afirmou que o SUS possui estoques adequados de etanol farmacêutico, utilizado no tratamento, e que 2.600 frascos de fomepizol — outro antídoto — serão importados e distribuídos aos centros de referência em toxicologia.