PF indicia atual cúpula da Abin no inquérito da ‘Abin paralela’
Delegados nomeados no governo Lula são acusados de dificultar investigações sobre rede clandestina de espionagem instalada na agência
247 - A Polícia Federal indiciou mais de 30 pessoas no inquérito que investiga a existência de uma estrutura de espionagem ilegal dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Entre os alvos estão integrantes da atual direção do órgão, como o diretor-geral Luiz Fernando Corrêa, o chefe de gabinete Luiz Carlos Nóbrega e o corregedor-geral José Fernando Chuy, todos delegados de carreira da PF e nomeados no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As informações foram publicadas inicialmente pelo jornal O Globo, que em março de 2023 revelou a aquisição, pela Abin, de um sistema de monitoramento sigiloso que permitia rastrear a localização de alvos específicos em tempo real. Desde então, a investigação da PF passou a apurar o funcionamento do que ficou conhecido como "Abin paralela" — uma rede clandestina que teria sido estruturada durante o governo Jair Bolsonaro (PL).
Segundo o relatório policial, a atual cúpula da Abin é suspeita de dificultar o acesso a dados relevantes para o avanço das investigações, o que motivou o indiciamento. A agência, em nota oficial, disse estar “à disposição das autoridades” e destacou que os atos investigados ocorreram em "gestões passadas".
Além dos atuais dirigentes, também foram indiciados o ex-presidente Jair Bolsonaro, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que comandou a Abin durante o mandato anterior. Nenhum dos três comentou publicamente a decisão até o momento, mas, em outras ocasiões, negaram a existência da estrutura paralela e o uso da agência para espionagem ilegal.
A PF sustenta que a rede operava para produzir dossiês contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), parlamentares e adversários políticos, além de disseminar notícias falsas sobre figuras públicas. Também foram monitorados servidores públicos, jornalistas e milhares de cidadãos comuns, sem qualquer respaldo judicial.
O relatório aponta que a operação era coordenada por Ramagem, sob ordens diretas de Bolsonaro, com o auxílio de outros agentes ligados à Abin e às Forças Armadas. Entre os nomes citados no inquérito estão o policial federal Marcelo Bormevet e o subtenente do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues, que também atuavam na agência. Ambos negam ter utilizado ferramentas da Abin para fins ilegais.
Entre os alvos monitorados, a investigação lista autoridades do Judiciário, como os ministros do STF Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes, Luiz Fux e Dias Toffoli; do Legislativo, como o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e o ex-deputado Rodrigo Maia; e do Executivo, como o ex-governador e João Doria.
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