PF encontrou R$ 32 mil em espécie no gabinete do governador do Tocantins
Investigação revela esquema de corrupção envolvendo o governador Wanderlei Barbosa e desvios de recursos públicos durante a pandemia
247 - A Polícia Federal (PF) deu continuidade à Operação Fames-19 nesta quarta-feira, 3 de setembro, cumprindo 51 mandados de busca e apreensão em diversos estados, incluindo Tocantins, Paraíba, Maranhão e Distrito Federal. A ação foi uma sequência da primeira fase da operação, realizada em agosto de 2024, que já havia identificado irregularidades envolvendo o governador de Tocantins, Wanderlei Barbosa. As informações são do g1.
A principal descoberta dessa nova etapa foi a apreensão de R$ 32.200,00 em espécie no gabinete do governador, localizado no Palácio Araguaia, sede do governo estadual. O valor foi encontrado junto a carimbos de Barbosa e do chefe de gabinete Marcos Martins Camilo.
A Polícia Federal detalha que, além do dinheiro encontrado no gabinete do governador, foram apreendidos mais R$ 35.500,00, US$ 1.100,00 e 80 euros no escritório de Wanderlei, localizado na residência de um de seus aliados, conhecido como Wanderlei. Segundo a PF, esses achados reforçam a suspeita de que atos de corrupção passiva têm sido recorrentes na administração do governo de Tocantins. A investigação aponta que os membros do esquema frequentemente realizavam grandes retiradas em espécie, o que sugere a continuidade das práticas ilícitas no âmbito do Poder Executivo estadual.
A PF também interceptou conversas no WhatsApp entre os envolvidos, que demonstram, de forma clara, a negociação de propinas. Em um dos diálogos, Paulo Cesar Lustosa Limeira, ex-marido da primeira-dama do estado, comunica que o governador Wanderlei Barbosa havia decidido prorrogar o estado de calamidade pública em Tocantins. Na troca de mensagens, o irmão do governador, Wilton Irmão Líder, reage com risadas ao comentário de Lustosa. A PF destaca que essa comunicação é um indicativo de envolvimento no recebimento sistemático de propina.
Outro ponto crucial da investigação é a prática de fraudes em processos licitatórios. A PF revelou que houve menção expressa nos diálogos interceptados sobre quem venceria as licitações patrocinadas pelo governo, com evidente direcionamento para beneficiar pessoas ligadas ao esquema. Além disso, uma parte dos recursos desviados teria sido utilizada na construção de uma pousada de luxo, em nome do filho do governador, com mais de R$ 2,4 milhões destinados ao empreendimento nos últimos dois anos.
A investigação da PF também apura fraudes em contratos de fornecimento de cestas básicas e frangos congelados durante a pandemia de Covid-19. Os contratos investigados, financiados por emendas parlamentares de 2020 e 2021, envolvem a compra de 1,6 milhão de cestas básicas, com um valor total aproximado de R$ 5 milhões. A suspeita da polícia é de que os pagamentos foram realizados, mas as cestas básicas nunca foram completamente entregues à população, o que caracteriza mais uma irregularidade no uso de recursos públicos.