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Novo texto de Derrite enfraquece PF e favorece crime organizado, diz Lindbergh

Deputado critica relatório do projeto antifacção e acusa Câmara de desfigurar proposta do governo Lula

Lindbergh Farias e Guilherme Derrite (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados | Mario Agra/Câmara dos Deputados)

247 - O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) intensificou nesta quarta-feira (12) as críticas ao relatório do deputado Guilherme Derrite (PP-SP) sobre o projeto antifacção do governo federal. Em publicação nas redes sociais, o petista afirmou que o novo texto “enfraquece a Polícia Federal e favorece o crime organizado”, apesar do recuo feito pelo relator após forte mobilização de entidades e parlamentares.

“O recuo feito pelo Derrite foi fruto de uma gigantesca mobilização popular contra a blindagem e em defesa da PF, mas não é suficiente, pois o novo texto ainda enfraquece a PF e favorece o crime organizado”, escreveu Lindbergh.

Segundo o parlamentar, o relatório traz “armadilhas graves”, como a transferência do controle sobre a alienação e destruição de bens apreendidos da União para os estados.

“O relatório traz armadilhas graves: retira da União o controle sobre a alienação e destruição de bens apreendidos, golpeando o coração da política de descapitalização das facções. Em vez de fortalecer o Estado, descapitaliza a PF e dificulta o perdimento de bens do crime organizado.”

O deputado também criticou o que chamou de “farsa jurídica” ao prever uma ação civil autônoma para o perdimento de bens, que, segundo ele, atrasaria o confisco e reduziria os recursos disponíveis à PF.

Embate com Hugo Motta e crise na Câmara

As declarações ocorrem um dia após um embate acalorado entre Lindbergh e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), durante reunião de líderes partidários em Brasília.

De acordo com relatos publicados pela colunista Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo, o clima da reunião foi tenso desde o início, com críticas de petistas e de integrantes do governo à decisão de Motta de nomear Derrite, um aliado de Tarcísio de Freitas e da oposição, para relatar o projeto do Executivo.

Lindbergh chegou a acusar o presidente da Câmara de ter cometido um “furto com abuso de confiança” contra o governo Lula, por entregar o relatório a um adversário político.

Motta reagiu batendo na mesa e elevando o tom, afirmando que a prerrogativa de indicar relatores é sua e que “não é bravata em rede social que vai me intimidar ou fazer recuar”.

"É uma escolha técnica, de uma pessoa que há mais de 20 anos estuda o assunto. A segurança não é de A, de B ou de C. O projeto é técnico, não é político", disse o parlamentar, segundo relatos.

Lindbergh rebateu na sequência:

“A sua escolha foi política. Claramente política. De um secretário de Segurança [licenciado] do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que tem posições contra a PEC da Segurança”, afirmou.

“Maior ataque à PF da história”

O ponto central da discórdia envolve o papel da Polícia Federal na estrutura de combate ao crime organizado. A versão inicial de Derrite previa que a PF só poderia atuar mediante provocação dos governadores — trecho que, após pressão, foi retirado do texto.

Ainda assim, Lindbergh afirma que o relatório continua “retirando a autonomia da PF e enfraquecendo sua capacidade de investigação”.

"Estamos vendo o maior ataque da história à Polícia Federal, sem precedentes. Nem o presidente da República sabe quando tem operação da PF. E o Derrite quer que ela avise aos governadores? Que loucura é essa?", disse o petista durante a reunião.

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