Negociações da Vale com governo sobre concessões ferroviárias não envolvem novos projetos, afirma CEO
Gustavo Pimenta descartou possibilidade de investimento em novos projetos e reiterou a disposição para seguir com negociações em curso
247 - As negociações entre a Vale e o governo brasileiro sobre a repactuação dos contratos de concessão das ferrovias não envolvem novos investimentos em projetos de infraestrutura, como a possível aquisição da mineradora Bamin. A afirmação foi feita pelo presidente da mineradora, Gustavo Pimenta, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (4).
Ele enfatizou que o processo de renegociação das concessões da Estrada de Ferro Carajás e da Estrada de Ferro Vitória a Minas está dissociado de qualquer expansão dos investimentos da Vale em novos projetos ferroviários ou aquisições, como a de Bamin, localizada no Sul da Bahia.
A declaração de Pimenta ocorreu após questionamento da imprensa sobre a possibilidade de a Vale assumir parte do projeto da Bamin, como parte do processo de repactuação das concessões ferroviárias. Segundo reportagem do jornal Estado de S. Paulo, o governo teria tentado persuadir a mineradora a se envolver no projeto Bamin durante a última rodada de negociações. "Esse acordo não tem nenhuma relação com qualquer investimento da Vale em novos projetos, em ferrovias, nada disso, é um acordo à parte", afirmou Pimenta.
Em um momento de divergências nas discussões com o governo, Pimenta explicou que o acordo firmado no final de 2024 com o Ministério dos Transportes, em conjunto com o Tribunal de Contas da União (TCU), ainda gerou desentendimentos. Contudo, ele preferiu não revelar detalhes das questões não resolvidas, reafirmando que a Vale continua disposta a seguir com o diálogo. “A gente tem um acordo de confidencialidade, então não vou entrar no mérito das divergências, mas estamos abertos para avançar e concluir esse tema que é importante”, declarou Pimenta.
O executivo também reiterou que a Vale está sempre avaliando novas alternativas de projetos no Brasil, mas com base em critérios rigorosos de rentabilidade e risco. Sobre a Bamin, Pimenta explicou que a mineradora não tomou nenhuma decisão a respeito da aquisição da empresa controlada pelo grupo cazaque Eurasian Resources. "A Vale está sempre avaliando os projetos de desenvolvimento no Brasil, comparando-os com as melhores alternativas que temos, sempre olhando a questão de rentabilidade e avaliação de risco", afirmou.
Em agosto, Marcelo Bacci, vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, já havia indicado que a mineradora só tomaria uma decisão sobre a aquisição da Bamin caso encontrasse uma solução econômica para superar os desafios logísticos do projeto, que inclui a finalização do Porto Sul, em Ilhéus (BA), e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). A Bamin, atualmente, opera a mina Pedra de Ferro e busca expandir sua produção de minério de ferro.