Motiva anuncia aporte bilionário em tecnologia e energia
Grupo projeta investir mais de R$ 1 bi em IA, automação e transição energética até 2035
247 - A Motiva, antiga CCR, anunciou nesta quinta-feira (25) planos de investir mais de R$ 1 bilhão em novas tecnologias voltadas à eficiência operacional e à transição energética. A informação foi divulgada durante o Capital Markets Day, evento anual que reúne analistas e investidores, e noticiada pelo Valor Econômico.
De acordo com o CEO Miguel Setas, o aporte será distribuído até 2035 e focará em seis frentes principais: inteligência artificial e GenAI, big data e analytics, sensorização e internet das coisas (IoT), robotização e automação, transição energética e desenvolvimento de novos materiais. “Queremos [...] fazer uma transição para a chamada ‘smart infrastructure’. Vamos ter exemplos nítidos aqui hoje, muito claros: ‘smart roads’, rodovias inteligentes, e ‘smart rails’, ferrovias inteligentes”, afirmou o executivo.
Foco no ganho de eficiência
Segundo Setas, a expectativa é que os resultados mais significativos apareçam a partir da próxima década. “Nossa estimativa, hoje, é investir mais de R$ 1 bilhão até 2035. Isto é um investimento acumulado, representando 0,5% da receita líquida da operação em média”, disse. Ele ressaltou ainda que “inovação significa risco, significa acertar e errar algumas coisas. Portanto, na nossa projeção, os efeitos destas tecnologias estão mais concentrados na segunda metade da década, de 2030 para 2035”.
A companhia também revisou metas de eficiência. A relação entre despesas operacionais e receita líquida, que era de 41,2% em 2024, chegou a 38% no primeiro semestre de 2025. O objetivo é reduzir esse índice para menos de 30% em 2030 e abaixo de 28% em 2035 — meta anteriormente projetada para 35%.
O vice-presidente de finanças e relações com investidores, Waldo Perez, destacou que as medidas já surtiram efeito. “Quando comparamos o primeiro semestre de 2025 com o primeiro semestre de 2024, vemos que o custo de caixa reduziu em 1%, ou seja, R$ 43 milhões. Parece pouco, mas não é. Se olhamos em termos reais, nós tivemos uma redução de R$ 200 milhões nesse período”, disse.
Estratégia de expansão
No encontro, a Motiva também revisou para baixo sua estimativa de projetos em carteira: de R$ 190 bilhões para R$ 160 bilhões. A divisão prevê R$ 100 bilhões em rodovias e R$ 60 bilhões em trilhos. Setas reforçou que o grupo busca ativos considerados “premium” em rodovias, como as concessões Sorocabana, PR Vias e MS Via, e que pretende manter a mesma lógica no setor ferroviário.
Além disso, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador foram apontadas como mercados prioritários para expansão. No setor aeroportuário, a companhia espera simplificar o portfólio com a venda de ativos, operação já em andamento. “Nós estamos estimando R$ 160 bilhões de oportunidades nos dois segmentos, rodovias e trilhos, com esta lógica de uma visão mais segmentada, mais focada, um crescimento mais sinérgico com dois objetivos: gerar valor e controlar risco”, afirmou Setas.
Com projeções mantidas para o crescimento anual do Ebitda ajustado entre 8% e 10% e uma meta de reciclagem de capital entre R$ 5 bilhões e R$ 10 bilhões até 2035, a Motiva aposta na tecnologia e em projetos de infraestrutura estratégica para sustentar seu plano de longo prazo.