Lula: religião não pode ser explorada eleitoralmente
“Eu não gosto de ir numa igreja em época de campanha”, disse o presidente em entrevista ao podcast Papo de Crente
247 - Em entrevista ao podcast Papo de Crente, da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que considera inadequado utilizar a religião como ferramenta de campanha eleitoral.
Durante a conversa, Lula destacou que rejeita a prática de recorrer a igrejas em períodos de eleição. “Eu não tenho hábito de fazer política tentando dividir a sociedade por religião. Eu não gosto de ir numa igreja em época de campanha. Sinceramente, eu não gosto. Nem da católica, nem da evangélica, em nenhuma igreja. Porque eu não acho que a gente deva utilizar o nome de Deus em vão. Eu não acho que a gente deva utilizar a religião eleitoralmente”, afirmou.
O presidente também reforçou que sua fé não está vinculada a templos específicos. “Não me faça utilizar uma igreja como palanque que eu não vou utilizar. A minha crença é que Deus está em todo o lugar e Deus está vendo quem está mentindo e quem está falando a verdade”, acrescentou.
Histórico de aproximação com o público evangélico
Lula lançou em 2022 a Carta Compromisso com os Evangélicos, apresentada em São Paulo durante um encontro com pastores. O documento defendia a liberdade religiosa e incluía posições contrárias ao aborto, em diálogo com pautas caras a esse segmento do eleitorado.
Naquele mesmo ano, ainda como candidato, Lula e o então vice Geraldo Alckmin (PSB) participaram de reuniões com lideranças evangélicas em São Paulo. A aproximação foi estratégica, já que a maioria dos votos desse público foi destinada ao ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
Gestos no governo
Após assumir o terceiro mandato, Lula intensificou gestos de aproximação com os evangélicos. O presidente passou a incluir referências a Deus em discursos oficiais e recebeu líderes religiosos no Palácio do Planalto em diferentes ocasiões. Fotografias de cerimônias oficiais mostram encontros com representantes de igrejas, evidenciando a busca por diálogo com esse setor.