Ligação entre Lula e Trump só ocorrerá se tema for comércio, avalia governo
Governo brasileiro avalia riscos de conversa direta com Washington, após Trump se dizer disposto a falar com Lula
247 - Uma eventual conversa telefônica entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump pode ser o passo inicial para uma negociação entre Brasil e Estados Unidos em torno da sobretaxa de 50% imposta por Washington, que passará a incidir sobre cerca de 60% das exportações brasileiras a partir desta quarta-feira (6). As informações são do jornal O Globo.
Na última sexta-feira, Trump afirmou que Lula poderia falar com ele “quando quiser”. O presidente brasileiro respondeu dizendo que está aberto ao diálogo. Para diplomatas em Brasília, a declaração do líder americano foi vista como “um gesto”, embora avaliem que deve ser interpretado com cautela.
Fontes que acompanham diretamente o impasse afirmam que, se houver um movimento concreto da Casa Branca para que os dois líderes conversem pela primeira vez, será necessário entender se Trump estaria disposto a manter o foco exclusivo no comércio bilateral — sem vincular o diálogo à situação do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, segundo Trump, está sendo perseguido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
A avaliação no governo brasileiro é que uma ligação mal conduzida poderia prejudicar ainda mais os interesses do país. “Se algo der errado na chamada, será pior para o Brasil”, afirmam interlocutores. Por isso, o Palácio do Planalto acredita que não deve correr riscos desnecessários nem agir apenas para dar satisfação à opinião pública. A maior preocupação, neste momento, é com os setores econômicos que serão diretamente afetados pela tarifa.
Desde 9 de julho, quando Trump anunciou a medida por meio de uma carta em que também mencionou Bolsonaro, o que era uma crise comercial ganhou contornos políticos. Diante desse cenário, interlocutores do governo consideram que a iniciativa agora está nas mãos da Casa Branca.
Na última quinta-feira, o chanceler Mauro Vieira teve um encontro com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, reunião que era aguardada há meses por Brasília. Apesar disso, técnicos dos dois governos seguem mantendo contatos nos bastidores, mas ainda sem orientações claras do lado americano sobre como conduzir uma eventual negociação.
O vice-presidente Geraldo Alckmin também tem mantido diálogo com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, planeja conversar com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, em mais uma tentativa de abrir canais técnicos para tratar do tema.
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