Itamaraty monta força-tarefa nos EUA para rebater investigação americana
Governo brasileiro prepara defesa contra acusações de práticas comerciais desleais
247 - O Ministério das Relações Exteriores formou uma força-tarefa para elaborar a primeira defesa formal do Brasil na investigação aberta pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre supostas práticas comerciais desleais. A apuração foi anunciada em 15 de julho sob a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 (Trade Act) e abrange temas como comércio digital, tarifas preferenciais, propriedade intelectual, acesso ao mercado de etanol, aplicação de leis anticorrupção e desmatamento. A informação foi divulgada pelo Valor Econômico.Segundo o Itamaraty, o país terá até 18 de agosto para apresentar seus argumentos iniciais por escrito. “Desde o anúncio da investigação, o Itamaraty, em coordenação com todas as áreas do governo competentes sobre as matérias tratadas, vem se empenhando na preparação de uma manifestação escrita robusta”, afirmou a pasta em nota. O ministério destacou que o trabalho está em estágio avançado e é conduzido por servidores experientes, em articulação com outros órgãos da Esplanada.
Contexto da disputa comercial
A abertura do processo pelo United States Trade Representative (USTR) ocorreu após declarações de Trump de que produtos brasileiros poderiam ser taxados em 50%. O presidente americano associou a medida a barreiras comerciais impostas pelo Brasil e também ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, de quem é aliado ideológico.
Além de preparar a defesa, o governo brasileiro solicitou formalmente a realização de consultas — recurso previsto nas regras da investigação. Essas consultas permitem que as partes tentem chegar a um entendimento antes de medidas punitivas.
Apoio jurídico internacional
Para fortalecer a argumentação, o Itamaraty confirmou que conta com o apoio do escritório de advocacia Baker McKenzie, especializado em comércio internacional. Fundado em Chicago nos anos 1940, o escritório mantém mais de 70 sedes em mais de 40 cidades distribuídas entre EUA, Canadá, Europa, Oriente Médio, Ásia e América Latina.