HOME > Brasil

Governo Lula aposta em força-tarefa no Rio, mas é contra GLO

Plano federal prioriza ações de inteligência e integração entre União e Estado para conter avanço do crime organizado

Helicóptero sobrevoa comunidade em operação policial (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

247 - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu reforçar o combate ao crime organizado no Rio de Janeiro por meio de uma força-tarefa de inteligência e operações conjuntas com o governo estadual. A medida busca coordenar ações entre as polícias e órgãos federais, mas sem recorrer a um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que transferiria ao Exército o comando da segurança pública.

Segundo o jornalista Valdo Cruz, do g1, o Palácio do Planalto avalia que a GLO não é o caminho adequado, pois experiências anteriores — como a intervenção federal durante o governo Michel Temer — mostraram resultados insatisfatórios. A equipe presidencial acredita que a solução passa pela integração institucional e pela aprovação da PEC da Segurança Pública, que propõe novas diretrizes de cooperação entre União e estados.

Nos bastidores, o governo federal já atendeu a um pedido do governador Cláudio Castro ao autorizar a abertura de dez vagas em presídios federais para abrigar líderes de facções criminosas transferidos do Rio. Apesar disso, Lula prefere manter o foco em operações coordenadas e pontuais, como as que já ocorreram em portos, aeroportos e grandes eventos internacionais, a exemplo das cúpulas do G20 e do Brics.

O Planalto entende que decretar uma GLO no Rio colocaria sobre o governo federal a responsabilidade direta pela segurança pública, o que poderia gerar tensões políticas e administrativas. A prioridade, segundo interlocutores do governo, é atuar de forma integrada, respeitando a autonomia estadual e buscando apoio do Congresso para medidas estruturais.

Cláudio Castro, por sua vez, tem criticado a ausência de apoio federal em meio à crise de segurança no estado, marcada pela operação mais letal da história do Rio de Janeiro. Nesta semana, confrontos entre policiais e integrantes do Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha resultaram em dezenas de mortes e expuseram o grau de influência das facções sobre territórios urbanos.

Apesar das divergências, o governo Lula pretende usar o episódio para pressionar o governador a apoiar a PEC da Segurança Pública, cuja tramitação enfrenta resistência na Assembleia Legislativa fluminense. A avaliação no Planalto é que o caos vivido no estado pode abrir espaço para um pacto político em torno de pontos de consenso.

Artigos Relacionados