Governo desiste de criar agência para combater crime organizado após pressão da PF
Medida fazia parte do Plano Real da Segurança, mas foi retirada do texto após críticas internas e dúvidas sobre constitucionalidade
247 - O governo federal recuou da proposta de criar uma agência nacional para o combate ao crime organizado, que estava prevista no texto inicial do Plano Real da Segurança Pública, segundo revelou o g1. O projeto será enviado ao Congresso Nacional nos próximos dias, mas a ideia da nova estrutura acabou sendo descartada após resistência da Polícia Federal (PF) e questionamentos jurídicos.
De acordo com a apuração do jornalista Octavio Guedes, a principal razão para a mudança foi a pressão da PF, que considerava a criação da agência uma ameaça ao papel da instituição. Além disso, especialistas levantaram dúvidas sobre a constitucionalidade da medida e o impacto fiscal de uma nova estrutura administrativa, que poderia contrariar o discurso de responsabilidade com os gastos públicos.
Resistência dentro da Polícia Federal
O tema foi amplamente discutido no sindicato dos delegados da PF, mas não houve consenso entre a diretoria. Muitos delegados classificaram a proposta como uma “afronta à PF”, interpretando a agência como uma possível expansão do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público — que historicamente trava disputas de atribuições com a polícia.Apesar da resistência, o presidente do sindicato, Atonio Ordacgy, se posicionou de forma distinta.
“Não posso dar uma posição em nome do sindicato. Eu pessoalmente penso que é imprescindível uma medida dessa natureza. Não sei se essa autoridade deve necessariamente ficar fora da PF e gerar mais uma estrutura, mais gastos e mais vícios como sempre acontece, ou se poderia ser designado dentro dos quadros da própria PF para um mandato temporário e usar a estrutura da instituição”, declarou.
Plano segue com outras medidas
Mesmo sem a criação da nova agência, o governo deve encaminhar ao Congresso outras propostas que integram o Plano Real da Segurança, entre elas o endurecimento das penas para integrantes de facções criminosas. O objetivo central é intensificar o combate às organizações que controlam rotas de tráfico e comandam ações violentas em diferentes estados do país.