Gleisi: inadmissível ameaça militar dos EUA ao Brasil
Ministra reagiu a ameaça de porta-voz de Trump de usar força para interferir no julgamento do ex-presidente no STF
247 - A ministra da Secretaria de Relações Institucionais Gleisi Hoffmann (PT-PR) criticou duramente nesta terça-feira (9) a declaração da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, que admitiu a possibilidade de os Estados Unidos recorrerem até ao uso da força militar em resposta ao julgamento de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“A conspiração da família Bolsonaro contra o Brasil chegou ao cúmulo hoje (...). Não bastam as tarifas contra nossas exportações, as sanções ilegais contra ministros do governo, do STF e suas famílias, agora ameaçam invadir o Brasil para livrar Jair Bolsonaro da cadeia. Isso é totalmente inadmissível”, escreveu Gleisi no X (antigo Twitter).
Ela também acusou os filhos do ex-presidente de “traição à Pátria”, cobrando a cassação de mandato parlamentar. “Só se for a liberdade de mentir, de coagir a Justiça e de tramar golpe de Estado; estes sim, os crimes pelos quais Bolsonaro e seus cúmplices estão sendo julgados no devido processo legal”, acrescentou.
Escalada diplomática
A crise nas relações Brasil-EUA se intensificou após a coletiva de Leavitt, que afirmou que a administração Trump está disposta a usar “poderio econômico e militar” para proteger o que chama de “liberdade de expressão no mundo”. A fala ocorreu após questionamento de um jornalista americano sobre o julgamento do ex-presidente brasileiro.
Nos últimos meses, Washington já havia imposto tarifas de 50% contra exportações brasileiras e sancionado ministros do STF, incluindo Alexandre de Moraes, alvo de ataques constantes da extrema direita. A embaixada americana em Brasília também publicou mensagens com tom de ameaça, afirmando que continuará a “tomar medidas cabíveis” contra autoridades brasileiras.
O governo Lula acompanha com atenção a escalada da tensão, em um momento em que o STF julga Bolsonaro e sete ex-auxiliares acusados de tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.