Em depoimento à PF, ex-ministro nega intermediação para Mauro Cid obter passaporte
Gilson Machado foi preso por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes e é suspeito de tentar viabilizar passaporte português para Mauro Cid
247 - Preso nesta sexta-feira (13), no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado foi conduzido pela Polícia Federal à Superintendência da corporação, no bairro do Pina, onde prestou depoimento. Segundo seu advogado, Célio Avelino, após ser ouvido, Machado foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro, para exame de corpo de delito. Em seguida, foi transferido ao Centro de Triagem e Observação Criminológica Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana da capital pernambucana. As informações são do g1.
De acordo com Avelino, Machado foi surpreendido com um mandado de prisão preventiva expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas os fundamentos da ordem judicial não foram apresentados à defesa. “A Polícia Federal recebeu, do ministro Alexandre de Moraes, um mandado de prisão preventiva, mas não disse os motivos da prisão. Ele prestou depoimento, esclareceu o que perguntaram a ele sobre se teria interferido para conseguir um passaporte para o tenente-coronel Mauro Cid. E ele disse que não. E é só isso que eu sei”, afirmou o advogado.
Avelino também explicou que Machado teria feito contato com o consulado de Portugal no Recife, mas com outra finalidade. “Ele tem cidadania portuguesa e o pai dele também. O pai dele tem 85 anos, pediu a ele para agendar a renovação e foi isso que ele fez. Pessoalmente ele não foi no consulado, ligou e agendou a visita. O pai foi acompanhado pelo irmão dele. Nem sequer ao consulado ele foi”, declarou.
Ainda de acordo com a reportagem, a defesa agora busca acesso ao processo que fundamentou a prisão. “A PF recebeu apenas um mandado para cumprir. Estamos dando entrada em um pedido para o ministro [Alexandre de Moraes] para ter acesso ao processo para saber o que foi que levou o ministro a fazer isso”, disse Avelino. No momento da prisão, foram apreendidos o celular, o carro e outros pertences do ex-ministro.
Segundo a Polícia Federal, Gilson Machado teria atuado em maio de 2025 para facilitar a emissão de um passaporte português destinado ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), com o intuito de permitir sua saída do Brasil. A tentativa, conforme os investigadores, teria ocorrido no consulado português no Recife.
O caso ganhou força após manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) enviada ao STF na última terça-feira (10). O órgão solicitou a abertura de inquérito contra Machado, além da realização de busca e apreensão, e da quebra de sigilos telefônico e de mensagens. Os procuradores também apontaram indícios de que Machado teria agido para facilitar a fuga de Cid do país. As investigações se baseiam em arquivos encontrados no celular de Mauro Cid que indicam sua tentativa, em janeiro de 2023, de obter a cidadania portuguesa.
Antes de ser preso, Gilson Machado divulgou nota em que afirmava que sua única atuação teria sido uma ligação ao consulado para marcar a renovação do passaporte do pai, sem qualquer visita presencial. O Partido Liberal (PL), legenda à qual Machado é filiado, afirmou por meio de nota que acompanha a situação e “aguarda o esclarecimento dos fatos pelas autoridades competentes”.
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