Eduardo Bolsonaro diz que elogios de Trump a Lula 'não foram surpresa'
Deputado afirmou que tudo faz parte da estratégia do presidente dos EUA
247 - O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nesta terça-feira (23) que os elogios feitos pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a Assembleia Geral da ONU não representam surpresa para quem conhece o estilo do republicano. A declaração foi publicada em suas redes sociais pouco depois do discurso de Trump em Nova York.
Eduardo, que ao lado do blogueiro Paulo Figueiredo atua na articulação de sanções e tarifas impostas por Washington contra o Brasil, interpretou a fala de Trump como parte de uma estratégia calculada. “Para quem conhece as estratégias de negociação de Donald Trump, nada do que aconteceu foi surpresa. Ele fez exatamente o que sempre praticou: elevou a tensão, aplicou pressão e, em seguida, reposicionou-se com ainda mais força à mesa de negociações”, escreveu.
"Genialidade como negociador"
Na publicação, Eduardo Bolsonaro exaltou a forma como Trump conduziu sua fala na ONU, mesclando ataques e elogios ao Brasil e ao presidente Lula. O deputado destacou que o norte-americano chegou a sancionar, na véspera, a esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o “maior violador de direitos humanos da história do Brasil” e, logo depois, acenou para o diálogo.
“Ontem mesmo, sancionou a esposa do maior violador de direitos humanos da história do Brasil, um recado claro e direto. Depois disso, sorriu e mostra-se aberto a dialogar em uma posição infinitamente mais confortável, fiel àquilo que sempre defendeu: os interesses dos americanos em primeiro lugar”, declarou.
Eduardo concluiu defendendo que a postura do republicano reflete uma “genialidade como negociador”: “Ele entra na mesa quando quer, da forma que quer e na posição que quer. Enquanto isso, outros líderes, como Lula, assistem impotentes, sem qualquer capacidade real de influenciar o jogo global".
Pressão sobre Lula
O filho de Jair Bolsonaro (PL) disse ainda que cabe a Lula “aproveitar a rara oportunidade de sentar-se com Trump” e tentar extrair algum benefício para o Brasil em um cenário que considera desfavorável. “Na verdade Lula agora é que está na obrigação de aproveitar a rara oportunidade de sentar-se com Trump e com a difícil missão de extrair algo de positivo nesta mesa”, escreveu.
Para Eduardo, a mensagem final de Trump — de que o Brasil “vai mal” e só prosperará se estiver ao lado dos Estados Unidos — é um recado direto de dependência. “Ou seja, não há para onde correr, o Brasil precisa dos EUA, reconheça isto ou não”, concluiu, antes de reforçar sua confiança na “anistia ampla, geral e irrestrita” aos que foram condenados por tentativa de golpe de Estado no Brasil.
Paulo Figueiredo endossa discurso
O blogueiro Paulo Figueiredo, aliado político de Eduardo Bolsonaro, também comentou o episódio em suas redes. Ele chamou Trump de “gênio” e avaliou que o presidente norte-americano deixou Lula em uma situação “impossível”.
“Trump é realmente um gênio. Ele denuncia a ditadura brasileira e a invasão da jurisdição americana bem na ONU. Em seguida, diz que gosta do Lula, que o chamou para conversar e complementa dizendo que o Brasil vai continuar indo mal exceto se estiver ao lado dos EUA. Deixou o presidente brasileiro numa situação impossível: ter que ir para a mesa de negociação ouvir verdades e negociar algo que não tem como cumprir”, afirmou.
Assim como Eduardo, Figueiredo também mencionou a expectativa de uma “anistia ampla, geral e irrestrita”, repetindo a narrativa de que o governo norte-americano exerce pressão decisiva sobre o Brasil.