Edinho Silva acusa Trump de crime internacional por “execuções” de venezuelanos no Caribe
Presidente do PT e ministra Luciana Santos condenam escalada militar dos EUA na região e classificam ações de Trump como ameaças à América do Sul
247 – O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Edinho Silva, fez duras críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a abertura do 16º Congresso do PCdoB, realizada nesta quinta-feira (16) em Brasília. Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o dirigente petista acusou Trump de ameaçar a América do Sul e a Venezuela, classificando as ações militares norte-americanas como “execuções” de civis venezuelanos no Mar do Caribe. As declarações foram publicadas pelo Valor Econômico.
Nós estamos vendo as ofensivas que o Brasil tem sofrido por meio do governo Trump e estamos vendo as ameaças que a América do Sul tem sofrido, que a América Latina tem sofrido. É inaceitável, por exemplo, as ameaças que foram dadas ontem contra o governo da Venezuela, contra o povo venezuelano. É inaceitável a execução de cidadãos venezuelanos sem qualquer processo legal que caracterize a atividade criminosa, sem qualquer processo, inclusive do direito ao contraditório. E quando não tem direito ao contraditório, isso se chama execução. Isso é crime internacional”, afirmou Edinho.
As críticas de Edinho Silva ocorrem em meio à elevação das tensões no Caribe, após Trump enviar cerca de 4 mil marinheiros e fuzileiros navais para as proximidades da Venezuela, sob o argumento de combater o narcotráfico. O governo norte-americano afirma que os barcos venezuelanos atingidos seriam usados para o transporte de drogas, mas o número de mortos — 27 segundo informações oficiais — e a ausência de investigações judiciais sobre os ataques têm sido alvo de reprovação internacional.
Reação do governo brasileiro
A ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, filiada ao PCdoB, reforçou o discurso do presidente do PT e condenou o comportamento de Washington.
“Nós estamos sob ataque de um país que se julga o dono do mundo. Devemos manifestar, diante da situação que temos assistido nas últimas horas, que precipita cada vez mais um clima de guerra na região do Caribe e da América Latina, o nosso repúdio veemente às ameaças diretas e às ingerências realizadas contra o irmão povo da Venezuela”, afirmou a ministra.
As declarações de Edinho e Luciana foram feitas no mesmo dia em que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reuniu com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, em Washington (EUA), para discutir o chamado “tarifaço” e as sanções impostas contra autoridades brasileiras com base na Lei Magnitsky.
De acordo com o Valor Econômico, Vieira reiterou a posição oficial do Brasil pela reversão das medidas adotadas desde julho, que incluem a sobretaxa de 40% sobre produtos brasileiros e as restrições impostas a membros do Judiciário, consideradas injustificadas pelo governo Lula.
O endurecimento das críticas do PT e do governo federal reflete o crescente rechaço à escalada militar dos Estados Unidos na América do Sul, em um momento em que a diplomacia brasileira reforça sua defesa da soberania nacional e da paz na região.


