Venezuela pede que ONU declare ilegais ataques dos EUA no Caribe
Governo Maduro acusa Trump de autorizar a CIA a conduzir operações secretas e denuncia mortes de civis em águas internacionais
247 - O governo da Venezuela acionou formalmente o Conselho de Segurança da ONU para que declare ilegais os ataques norte-americanos contra embarcações em sua costa. A solicitação foi feita em carta enviada pelo embaixador venezuelano na ONU, Samuel Moncada, e obtida pela agência Reuters nesta quinta-feira (16).
De acordo com o documento, os Estados Unidos, sob ordem do presidente Donald Trump, realizaram ao menos cinco operações militares no sul do Caribe, justificadas pela Casa Branca como parte de ações contra o tráfico de drogas, mas sem a apresentação de provas. Caracas sustenta que essas incursões resultaram na morte de pelo menos 27 pessoas em embarcações civis que navegavam em águas internacionais.
Pedido de investigação internacional
Na carta, Moncada pediu que o Conselho de Segurança “investigue” os ataques norte-americanos, “determine sua natureza ilegal” e emita uma declaração reafirmando o princípio de respeito irrestrito à soberania, independência política e integridade territorial dos Estados. Para a diplomacia venezuelana, os episódios constituem uma violação direta do direito internacional.
Em Caracas, Nicolás Maduro reforçou as acusações contra Washington. O presidente venezuelano destacou que, apesar do histórico de envolvimento da CIA em golpes ao redor do mundo, é a primeira vez que um governo norte-americano admite publicamente ter autorizado a agência a agir de forma tão explícita.
“Embora a CIA esteja há muito tempo ligada a golpes, nenhum governo havia declarado publicamente que ordenou à CIA que matasse, derrubasse e destruísse países”, afirmou Maduro em discurso transmitido pela televisão estatal. Ele acrescentou: “Nosso povo está lúcido, unido e consciente. Eles têm os meios para derrotar mais uma vez essa conspiração aberta contra a paz e a estabilidade da Venezuela”.
Limitações no Conselho de Segurança
Apesar das denúncias, especialistas ressaltam que dificilmente haverá medidas concretas contra os Estados Unidos no Conselho de Segurança, uma vez que Washington detém poder de veto. Ainda assim, o tema já foi incluído na agenda do órgão, em reunião anterior solicitada por Venezuela, Rússia e China.
Na ocasião, o governo norte-americano alegou que suas ações estavam amparadas pelo Artigo 51 da Carta da ONU, que prevê o direito de autodefesa imediata contra ataques armados. O embaixador dos EUA na ONU, Mike Waltz, reiterou a posição nesta quinta-feira em entrevista à Fox News.
“Venezuela pode levar o que quiser à ONU. Mas o que também faz parte da ONU é o Artigo 51, que permite a um país se defender. E é isso que o presidente Trump está fazendo e vai continuar a fazer”, declarou Waltz. Segundo ele, Trump utilizará a comunidade de inteligência, o Departamento de Defesa e a diplomacia “para defender a soberania dos EUA contra ações que estão matando americanos”.


