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      Cúpula do Congresso resiste à pressão da extrema direita após prisão de Bolsonaro

      Alcolumbre e Motta criticam ocupação dos plenários por aliados do ex-presidente e defendem funcionamento institucional

      Hugo Motta e Davi Alcolumbre (Foto: Mário Agra / Câmara | Marcos Oliveira/Agência Senado)

      247 - Em meio à crescente instabilidade política, a cúpula do Congresso Nacional reagiu com firmeza à pressão de parlamentares bolsonaristas por medidas mais drásticas contra o Supremo Tribunal Federal (STF), informa a Folha de S.Paulo.

      Nesta terça-feira (5), parlamentares bolsonaristas ocuparam as mesas diretoras dos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, inviabilizando a realização de sessões e provocando um clima de hostilidade entre parlamentares da base e da oposição. A escalada de tensões ocorre um dia após o ministro Alexandre de Moraes, do STF, decretar a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro.

      O presidente do Congresso e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), classificou a ação como uma violação aos princípios democráticos. “A ocupação das mesas diretoras das Casas, que inviabiliza o seu funcionamento, constitui exercício arbitrário das próprias razões, algo inusitado e alheio aos princípios democráticos”, afirmou em nota.

      Na Câmara, o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) também repudiou o bloqueio institucional promovido por parlamentares da oposição. “A pauta de votações da Câmara é definida por mim junto com os líderes dos partidos. Vamos garantir que os interesses da população não fiquem em segundo plano”, declarou, reforçando seu compromisso com a estabilidade institucional.

      A reação, no entanto, gerou protestos da oposição. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, criticou a postura de Alcolumbre. “Nota muito ruim. Eu acho que o Davi não deveria tratar a nós da oposição de forma humilhante como está nos tratando”, reclamou.

      Destoando da posição oficial de líderes do centrão, o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) publicou em suas redes sociais um posicionamento contrário à decisão de Moraes. “O Brasil precisa tratar melhor seus ex-presidentes. Tenho dito e defendido isso há muito tempo. As medidas aplicadas a Jair Bolsonaro são exageradas e acirram os ânimos em um país já polarizado que, na verdade, precisa de paz e estabilidade para progredir”, escreveu.

      Lira também alertou para os impactos econômicos do ambiente político conturbado: “Quando o ambiente é de insegurança jurídica e instabilidade política, a economia sofre. Quem paga essa conta é o povo. Quem perde é o Brasil.”

      No campo governista, a ordem foi adotar prudência e evitar alimentar discursos de perseguição política e vitimização do ex-presidente. O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Sidônio Palmeira, orientou colegas da Esplanada a manterem discrição diante dos acontecimentos, especialmente diante da deterioração recente das relações com o governo Trump, que anunciou uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros.

      Durante agenda pública nesta terça-feira, o presidente Lula optou por não comentar diretamente o caso Bolsonaro. “Acho que hoje é um dia de dar boas notícias. Vim comprometido a não falar muito da taxação, mas tenho que falar porque também, se eu não falar, vocês vão dizer: ‘Por que Lula não falou? Medo do Trump?’. Também não quero falar do que aconteceu com aquele outro cidadão, que tentou dar o golpe... Quero falar é do país”, disse o presidente, demonstrando cautela diante das tensões diplomáticas e internas.

      Ao mesmo tempo em que líderes do Congresso se posicionam em defesa do funcionamento das Casas Legislativas, cresce a pressão bolsonarista. A postura de contenção adotada pelo Planalto reflete uma tentativa de não agravar ainda mais um ambiente já marcado por confrontos políticos, crises econômicas e instabilidade diplomática.

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