Centrais sindicais denunciam conluio entre Trump e bolsonaristas
Sindicatos criticam sanções contra Moraes, falam em ameaça à soberania brasileira e acusam o presidente dos EUA de apoiar agenda autoritária de Bolsonaro
247 - Seis centrais sindicais do Brasil divulgaram uma nota conjunta nesta terça-feira (30) denunciando duramente a imposição de tarifas e sanções por parte do governo do presidente dos EUA, Donald Trump, contra o Brasil. O texto classifica a medida como manobra imperialista e acusa Trump de atuar em conluio com o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a quem chamam de “golpistas inconformados com a derrota na eleição presidencial de 2022”.
O documento foi assinado pelas lideranças da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores) e CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), que representam milhões de trabalhadores em todo o país, informa a coluna Painel da Folha de S.Paulo.
O estopim para a reação foi a mais recente investida do governo dos EUA, que incluiu o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, na lista de sanções unilaterais sob a chamada Lei Magnitsky. As centrais denunciam a medida como uma grave violação da soberania brasileira. “O STF tem atuado com firmeza e de acordo com a Constituição para proteger a população de crimes digitais e do uso abusivo das redes sociais — medidas que se restringem ao território nacional”, afirmam os sindicatos no texto.
Os sindicalistas rechaçam a justificativa do governo norte-americano, que alega perseguição política contra bolsonaristas no Brasil. Segundo o manifesto, trata-se de uma tentativa dos EUA de interferir diretamente nos rumos internos do país, utilizando as chamadas Big Techs como instrumentos de pressão. “O que está em curso é uma tentativa de impor uma dominação cultural por meio das Big Techs. Ao contrário do que diz a nota [dos EUA], é o governo americano que quer interferir na nossa política, na nossa sociedade e na nossa economia”, advertem.
A nota sobe o tom ao afirmar que há um conluio em andamento entre Trump e setores derrotados nas eleições brasileiras. “Mais grave ainda é o conluio entre Trump e golpistas, na tentativa de livrar da Justiça aqueles que atentaram contra a nossa democracia e que, de forma chocante, planejaram os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e também do ministro Alexandre de Moraes.”
Em linguagem contundente, as centrais qualificam Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro como “traidores da pátria” e os acusam de seguir conspirando contra os interesses nacionais: “Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo, inconformados com a derrota na eleição presidencial, seguem tramando contra os interesses do povo brasileiro e articulando uma agenda autoritária que visa apenas à autopreservação e ao alinhamento submisso aos EUA.”
As entidades ainda alertam que a ofensiva liderada por Trump se insere em uma escalada de ataques unilaterais do governo norte-americano contra o Brasil e sua soberania. Para elas, a resposta precisa vir por meio da união de forças políticas, sociais e institucionais. “Diante dessa ameaça, é urgente que o Congresso Nacional e a sociedade civil organizada se unam em uma ampla concertação nacional em defesa da democracia, da soberania e do Estado de Direito”, conclui a nota.
A manifestação dos sindicatos vem na esteira de uma série de reações no cenário político brasileiro, após as novas medidas hostis adotadas por Washington. Políticos que apoiam o governo e representantes do Judiciário têm considerado as sanções dos EUA como uma tentativa inaceitável de influenciar o curso político do país.
O governo brasileiro ainda estuda como responder às sanções, mas parlamentares da base do presidente Lula têm defendido medidas firmes em defesa da soberania nacional e do sistema de justiça. A expectativa é de que o tema ganhe destaque nas próximas sessões do Congresso Nacional.
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