BRB encolhe operação com Master e deve retirar Vorcaro do grupo de controle
BRB reduz ativos adquiridos para R$ 25 bi e Daniel Vorcaro deve ficar fora da parte incorporada da instituição
247 - O Banco de Brasília (BRB) e o Master vêm promovendo novas alterações na estrutura da operação anunciada no fim de março, com o objetivo de obter o aval do Banco Central (BC). A informação foi divulgada pelo jornal Valor Econômico, que apurou que o “perímetro” da transação — ou seja, o conjunto de ativos a serem incluídos na compra — passou por mais uma redução significativa.
A mais recente modificação exclui da operação cerca de R$ 48 bilhões em ativos do Master, um aumento expressivo em relação aos R$ 33 bilhões anteriormente previstos. Inicialmente, o valor excluído era de R$ 23 bilhões. Com isso, o BRB deve absorver apenas cerca de R$ 25 bilhões em ativos. Além disso, o controlador do Master, Daniel Vorcaro, foi retirado do grupo de controle da parte que será adquirida pelo BRB — concessão feita para facilitar a aprovação regulatória.
“O perímetro da operação está tão pequeno que não faz sentido algum não autorizar”, afirmou uma fonte que acompanha de perto a negociação. Outra pessoa próxima ao processo acrescentou: “Não tem qualquer sentido não aprovar. É uma operação de mercado, um reforço no capital do Master”.
Banco Central levanta dúvidas sobre compras anteriores
Na semana passada, o BC enviou uma série de questionamentos ao BRB e ao Master, após reuniões com dirigentes das duas instituições. Embora esse tipo de diligência seja comum, chamou a atenção o envolvimento de altos escalões do BC e o número de idas e vindas. Na noite de ontem, os bancos entregaram um relatório de 15 páginas, com diversos anexos complementares, em resposta às exigências do regulador.
Segundo fontes do Valor, uma das preocupações do BC diz respeito à aquisição bilionária de carteiras do Master pelo BRB em 2023, antes mesmo do anúncio formal da transação entre os bancos. Embora tais operações não sejam, por si só, irregulares, a sequência de fatos gerou desconforto: além das compras, fundos ligados ao grupo Master também adquiriram ações do BRB — algo que levantou questionamentos dentro da autoridade monetária.
O Master, por sua vez, nega qualquer tipo de irregularidade, tanto nas operações de venda quanto na aquisição de ações por fundos sob sua administração — nos quais o banco afirma não ter participação como cotista. Para interlocutores próximos ao negócio, o próprio aval do BC ao aumento de capital do BRB, com esses fundos como acionistas, já indicaria que não há ilegalidade nas transações anteriores.
FGC e a nova fase do Master
Com o encolhimento da operação, uma fatia maior do Master — composta por ativos menos líquidos — permanecerá fora do negócio. Essa parte deverá continuar demandando apoio do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), como já ocorreu anteriormente. Em maio, o FGC aprovou um empréstimo emergencial de R$ 4 bilhões à instituição, classificado tecnicamente como “assistência de liquidez”.
Segundo apuração do Valor, caso o BC autorize a transação com o BRB, o mercado espera que o FGC libere entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões adicionais, como medida de estabilização da parte do banco que não será absorvida.
“Se o BC autorizar a aquisição, isso diminui riscos e reduz o custo para o Sistema Financeiro Nacional e para o FGC”, argumenta a mesma fonte.
Procurados pelo jornal, nem o BRB nem o Master quiseram comentar o caso.
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