Atos foram resposta à "aliança entre Centrão e bolsonarismo" no Congresso, diz Lindbergh
Líder do PT afirma que manifestações colocaram ‘em xeque’ o ‘semipresidencialismo que estava sendo imposto’ ao governo Lula
247 - As manifestações realizadas no domingo (21) em todas as capitais brasileiras ganharam destaque na avaliação do líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias. Em fala publicada por Bela Megale, do jornal O Globo, o deputado apontou que a mobilização popular não se limita ao rechaço à anistia dos golpistas de 8 de janeiro e a Jair Bolsonaro (PL), mas representa um questionamento mais profundo sobre a condução política do Congresso.
"Acredito que vem aí uma mudança mais estrutural. Essa aliança do Centrão com o bolsonarismo, expressa na 'PEC da Bandidagem' e na anistia, fez explodir um sentimento de indignação contra o sistema. A pauta do país vai mudar. Esqueçam PEC da Blindagem, anistia ou redução de penas. É mais do que a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil ou o fim da escala 6x1. Creio que o semipresidencialismo que estava sendo imposto entra em xeque”, declarou Lindbergh.
Mobilização popular altera o rumo do Congresso
Ministros do governo Lula e parlamentares aliados compartilham a leitura de que os atos de 21 de setembro funcionaram como um ponto de inflexão. Para eles, a pressão das ruas tornou ainda mais difícil a tramitação da anistia, que já enfrentava desgaste após divergências internas no centrão e no PL.
Enquanto o relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) defendia um texto para suavizar penas de Bolsonaro e dos condenados pelo 8 de janeiro, deputados da oposição rejeitaram qualquer acordo. A resistência se intensificou após os protestos, ampliando as divisões.
Avenida Paulista como símbolo da virada
Os números levantados pelo Monitor do Debate Político da USP reforçam o impacto do movimento. Só na Avenida Paulista, em São Paulo, o ato reuniu 42.379 pessoas — praticamente o mesmo contingente que os bolsonaristas mobilizaram no 7 de setembro de 2024, data considerada um sucesso pelas lideranças do campo oposicionista.
A surpresa com a força das manifestações foi admitida até mesmo por aliados de Bolsonaro, que viram no cenário uma “contaminação da pauta da anistia” após a aprovação da urgência da proposta, em meio ao desgaste da PEC da Blindagem.
Um novo ciclo político
Para governistas, a dimensão dos protestos indica que a população rejeita tanto a anistia quanto os arranjos que fortalecem um modelo de semipresidencialismo informal no país. A avaliação é de que, após a reação das ruas, a agenda do Congresso tende a se deslocar.
A fala de Lindbergh sintetiza essa interpretação: a mobilização não apenas travou a pauta da anistia, mas abriu espaço para uma reorganização do debate político nacional, com potencial de alterar a correlação de forças entre governo, Centrão e bolsonaristas.