Anderson Torres chama minuta do golpe de “minuta do Google” e diz que não lembrava do documento
Em depoimento ao STF, ex-ministro afirma que rascunho que previa prisão de autoridades chegou ao seu gabinete sem seu conhecimento
247 - Durante depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), o ex-ministro da Justiça Anderson Torres afirmou não se lembrar de ter recebido ou tratado da chamada "minuta do golpe", documento que sugeria decretar estado de defesa e prender autoridades para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A minuta foi apreendida pela Polícia Federal em janeiro de 2023, durante operação de busca e apreensão na residência de Torres, então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Segundo ele, o documento foi uma “surpresa” e nunca foi discutido por ele com qualquer pessoa.
“Na verdade, ministro, não é ‘minuta do golpe’. Chamo de ‘minuta do Google’ [...] Eu levava duas pastas pra minha residência, uma delas contendo a agenda do dia seguinte, eventuais minutos de discurso, coisas nesse sentido, e outra com documentos gerais que vinham no Ministério”, explicou.
Torres relatou que o material chegou até sua casa por meio da rotina burocrática de seu gabinete, sem que ele tivesse ciência do conteúdo. “Eu realmente nem me lembrava dessa minuta. Me lembrei, foi o que me fez [lembrar], foi apreendido pela Polícia Federal. Foi uma surpresa. O senhor, não sei se estava acompanhando, mas isso era voz corrente nas caixas dos ministérios. Estava difícil trabalhar, inclusive a gente recebia minutas, ideias e uma série de coisas pelo WhatsApp, papel”, acrescentou.
O ex-ministro reforçou que jamais discutiu o conteúdo do documento e criticou sua qualidade técnica. “Eu nunca tratei isso com ninguém, isso veio até o meu gabinete do Ministério da Justiça, organizado pela minha assessoria, isso veio num envelope dentro, foi parar na minha casa, mas eu nunca discuti esse assunto, eu nunca trouxe isso à tona, isso foi uma fatalidade que aconteceu. Era pra ter sido destruída há muito tempo, eu nunca trabalhei isso. O documento era muito mal escrito, cheio de erros de português, de concordâncias, até o nome do tribunal que estava escrito lá estava escrito errado. Então não é da minha lavra, não sei quem fez, não sei quem mandou fazer e nunca discuti esse tipo de assunto.”
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