Altman: 'se não for detido, Netanyahu continuará o genocídio em larga escala'
O jornalista afirmou que Israel está próximo de violar o cessar-fogo para a Faixa de Gaza e cobrou uma 'pressão global' contra o primeiro-ministro
247 - O jornalista Breno Altman publicou na rede social X uma mensagem de alerta para afirmar que o “Estado de Israel está a poucos passos de romper o cessar-fogo” na Faixa de Gaza e criticou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, denunciado na Corte Internacional de Justiça (CIJ) pelos crimes cometidos no território palestino.
“O pretexto é o ritmo na entrega dos corpos de reféns. À revelia do acordo, Netanyahu fixou prazo que vence domingo. Se não for detido por aliados e a pressão mundial, retomará o genocídio palestino em larga escala”, escreveu Altman.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um acordo que prevê medidas imediatas para um cessar-fogo em Gaza. A assinatura ocorreu na última segunda-feira (13). No mesmo dia, foram libertados 250 palestinos condenados a longas penas ou prisão perpétua e outros 1.700 detidos sem acusação formal, segundo autoridades israelenses. Do total, 154 seguiram para o Egito, de acordo com a Sociedade de Prisioneiros Palestinos.
O documento estabelece a retirada parcial das tropas israelenses da Faixa de Gaza. Em contrapartida, o Hamas deverá libertar todos os israelenses mantidos como reféns desde outubro de 2023. Israel comprometeu-se a liberar cerca de 2 mil palestinos, incluindo mulheres, crianças e presos de longa data.
O acordo também prevê a criação de corredores humanitários para a entrada de alimentos, medicamentos e combustível no território.
Um dos pontos polêmicos do acordo é que a supervisão das ações será conduzida por uma coalizão internacional liderada pelos EUA, que são aliados históricos de Israel. Em 2024, senadores republicanos sionistas norte-americanos ameaçaram o promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, com consequências "graves" para ele, sua família e funcionários se ele prosseguisse com um mandado de prisão para Netanyahu.
O comitê que está com a responsabilidade de fiscalizar o cumprimento das medidas previstas no acordo de cessar-fogo para a Faixa de Gaza também conta com representantes de Egito, Catar, Turquia e da ONU.
Estatísticas
Acusado de genocídio na Corte Internacional de Justiça (CIJ), Israel já provocou mais de 68 mil mortes de palestinos na Faixa de Gaza desde outubro de 2023. Em 22 de agosto de 2025, a Organização das Nações Unidas informou que mais de 500 mil pessoas enfrentam fome no território, conforme levantamento da Classificação Integrada de Segurança Alimentar. É a primeira vez que a fome é oficialmente registrada no Oriente Médio.
O Programa Mundial de Alimentos da ONU afirmou que, em média, 560 toneladas de alimentos entram na Faixa de Gaza diariamente desde o acordo de cessar-fogo, mas o número está abaixo das necessidades do território palestino.
Segundo Jaco Cilliers, representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), há discussões iniciais entre países como Estados Unidos, Canadá, nações árabes e europeias sobre a possibilidade de contribuir para o custo estimado em US$ 70 bilhões da reconstrução de Gaza. A declaração foi feita na terça-feira (14).
Corpos
Israel disse na madrugada de sábado (horário local) que a Cruz Vermelha havia entregue o corpo de outro refém falecido de Gaza aos militares israelenses, em meio a uma disputa sobre atrasos na devolução de restos mortais sob o acordo de cessar-fogo entre o Hamas e Israel.
O Hamas havia dito que planejava transferir um refém morto para a Cruz Vermelha. Foi o décimo refém morto que Israel recebeu de um total de 28 corpos mantidos em Gaza. E o Hamas, citando problemas técnicos, disse que precisava de maquinário pesado e equipamentos de escavação para acelerar o processo de localização de corpos enterrados sob escombros.
Denúncias contra Israel
Em dezembro de 2023, a África do Sul acionou a Corte Internacional de Justiça acusando Israel de praticar genocídio contra a população palestina em Gaza. O pedido incluía medidas urgentes contra autoridades israelenses.
A argumentação sul-africana sustentava que os ataques militares e a ausência de garantias de proteção aos civis representariam violações da Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio. Israel negou as acusações, alegando que suas operações tinham caráter defensivo diante de ataques de grupos armados. O Brasil declarou apoio formal à iniciativa da África do Sul.
Em janeiro de 2024, a CIJ determinou que Israel adotasse medidas para impedir o genocídio, responsabilizasse autores de incitação à destruição do povo palestino e assegurasse o envio de ajuda humanitária. O tribunal, entretanto, rejeitou o pedido de suspensão imediata das operações militares. A ação recebeu apoio de diversos países, entre eles o Brasil.
Em novembro de 2024, a CIJ emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o então ministro da Defesa, Yoav Gallant, e líderes do Hamas, sob acusações de crimes de guerra. Tanto Israel quanto o Hamas rejeitaram as decisões.


