Aeroportos brasileiros registram aumento no envio de cargas aos EUA às vésperas de tarifaço
Exportadores correm contra o tempo para evitar tarifa de Trump
247 - A menos de uma semana da entrada em vigor da tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, exportadores brasileiros intensificaram os envios de mercadorias para o mercado americano. Segundo dados divulgados por concessionárias de aeroportos no Brasil, já há reflexos significativos na movimentação de cargas. A nova taxa, que deve começar a ser cobrada em 1º de agosto, foi anunciada como retaliação ao processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. As informações são da Folha de S. Paulo.
No Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, a GRU Airport informou, em nota, que desde a última sexta-feira (25) foi registrado um aumento "expressivo" na quantidade de cargas destinadas aos Estados Unidos e na busca por agendamento para despachos. Os principais produtos exportados incluem calçados, frutas, cimento, peças automotivas e agrícolas, vindos de regiões como Franca (SP), ABC Paulista, Bahia e Espírito Santo.
Diante do volume crescente, a concessionária orientou as empresas exportadoras a realizarem as reservas com antecedência. “A recomendação é que os volumes sem confirmação de reserva e/ou com intervalo igual ou superior a 48 horas para o voo não sejam enviados para o armazém de exportação”, diz a nota. A medida visa evitar congestionamentos nos centros de armazenagem e problemas logísticos.
No aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, a Fraport Brasil relatou um aumento de 58% na demanda por exportações para os Estados Unidos nas últimas duas semanas. Já em Viracopos, em Campinas (SP), que envia cerca de 85 mil toneladas por ano aos EUA — um terço do volume total de exportações do terminal —, os efeitos ainda são considerados limitados. No entanto, uma remessa de 48 toneladas de máquinas agrícolas, inicialmente programada para transporte marítimo via Porto de Santos, foi antecipada e enviada por via aérea nesta semana.
Apesar de a tarifa ainda não estar em vigor, seus impactos já são sentidos por diferentes setores da economia brasileira. O setor de frutas foi um dos primeiros a reagir: exportadores de manga suspenderam negociações com os EUA, segundo a Abrafrutas (Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados). A manga é atualmente a principal fruta in natura exportada ao país. Outro produto de destaque, o suco de laranja, também pode ser afetado, embora ainda não haja confirmação de recuos.
No setor pesqueiro, representantes afirmaram que as exportações para os EUA serão suspensas. Cerca de 70% da produção nacional de pescados é enviada ao mercado americano, o que, com a nova taxa, pode inviabilizar o setor até que novos destinos sejam encontrados.
Já frigoríficos de Mato Grosso do Sul decidiram interromper a produção de carnes voltadas ao mercado norte-americano, redirecionando seus esforços para o mercado interno ou para outros países.
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