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      Tarifas dos EUA podem acelerar liderança chinesa em energia limpa

      Em artigo de opinião, especialistas alertam que política norte-americana abre espaço para avanço global das tecnologias verdes lideradas pela China

      Esta foto tirada em 20 de dezembro de 2023 mostra um projeto de energia fotovoltaica na Região Autônoma Uigur de Xinjiang, no noroeste da China. (Foto: Xinhua/Zhang Cheng)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – As mais recentes tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos de baixo carbono, combinadas à aprovação do chamado One Big Beautiful Bill Act, podem ter um efeito inesperado: reforçar a liderança da China no mercado global de energias limpas. A avaliação é de Nick Robins, presidente do Laboratório de Finanças para a Transição Justa no Instituto de Pesquisa Grantham sobre Mudança Climática e Meio Ambiente da Escola de Economia e Ciência Política de Londres, e de Bob Ward, diretor de políticas e comunicações do mesmo instituto, em artigo de opinião publicado pelo China Daily. Os autores ressaltam que as opiniões expressas não refletem necessariamente a posição do jornal.

      Segundo Robins e Ward, a lei norte-americana, sancionada em 4 de julho, remove créditos fiscais e aumenta tarifas sobre diversos produtos de energia limpa, elevando custos e, na prática, estimulando maior dependência de combustíveis fósseis. Isso, afirmam, tende a criar obstáculos para produtores e consumidores de tecnologias renováveis nos EUA e abrir novas oportunidades para exportadores — especialmente os chineses.

      Oportunidade estratégica para a China

      Os especialistas defendem que o novo cenário pode colocar a China em posição ainda mais favorável na corrida global por tecnologias sustentáveis. Com investimentos maciços em energia solar, veículos elétricos e armazenamento de eletricidade, Pequim já domina setores-chave e concentra, junto com os EUA e a Europa, mais de 90% dos gastos mundiais em armazenamento de energia. A retração do mercado norte-americano, destacam, pode oferecer uma vantagem decisiva aos fabricantes chineses, que encontram campo fértil para ampliar exportações a países emergentes e em desenvolvimento.

      A China já exporta mais painéis solares para economias emergentes do que para países ricos e, em 2024, vendeu quase 1,25 milhão de veículos elétricos ao exterior — cerca de 40% do total global. Mais de 70% da produção mundial desses veículos é chinesa, com foco principal no mercado interno, mas com crescente atenção à instalação de novas fábricas em mercados como Indonésia, Tailândia, Brasil, México e Turquia.

      Energia solar e acesso global

      A produção de painéis solares na China bateu recorde histórico em março de 2025. Em 2023, 44% das exportações do setor foram destinadas a mercados emergentes, que voltaram a registrar importações recordes em 2024. Desde 2022, a queda nos preços de painéis solares e turbinas eólicas chinesas tem potencial para transformar o acesso à energia limpa, especialmente na África, que hoje representa apenas 2% do investimento global no setor.

      Países como a Nigéria têm ampliado significativamente suas importações de tecnologia chinesa, ainda que partindo de patamares baixos. Para os autores, este é um momento-chave para diversificar cadeias de suprimento, atrair investimentos e reforçar padrões ambientais e sociais no comércio de energia limpa.

      Cooperação internacional e Belém 2025

      Robins e Ward destacam iniciativas como a Solar Stewardship Initiative (“Iniciativa de Responsabilidade Solar”), que conta com a participação de grandes fabricantes chineses e definiu padrões abrangentes para enfrentar desafios ambientais, sociais e de governança. Eles defendem a criação de parcerias e joint ventures entre empresas chinesas e parceiros na África, Ásia, Europa e América Latina para impulsionar a transição energética global.

      Com a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática marcada para novembro em Belém, no Brasil, os autores apontam que a prioridade deve ser mostrar como a liderança chinesa pode contribuir para a industrialização verde africana, gerar empregos e criar novas oportunidades de negócios. Para eles, a expansão global da China no setor pode ajudar a compensar o “abandono da liderança climática” pelos Estados Unidos e acelerar o avanço rumo às metas climáticas desta década.

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