Itaipu comemora 40 anos com triplo aumento da diversidade vegetal em sua faixa de proteção
Inventário inédito da Embrapa mostra que a usina hidrelétrica transformou a região do reservatório em um corredor de biodiversidade
247 - Um levantamento inédito da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) revelou que a faixa de proteção do reservatório da Itaipu Binacional alcançou um marco histórico: em quatro décadas, a diversidade de espécies vegetais quase triplicou. O estudo foi apresentado em Foz do Iguaçu (PR) durante seminário realizado na quinta-feira (18).
Segundo a pesquisa, a região passou de 139 espécies plantadas no início da formação do Lago de Itaipu para 397 espécies de árvores e arbustos registradas atualmente. Foram mais de 55 mil registros de plantas em 400 parcelas de amostragem distribuídas entre Foz do Iguaçu e Guaíra, comprovando a consolidação de um ecossistema cada vez mais rico e relevante.
De cinturão de plantio a floresta consolidada
O inventário aponta que a área de proteção, criada ainda na década de 1970, deixou de ser um cinturão isolado de reflorestamento para se tornar um ambiente integrado a parques nacionais e reservas naturais. Hoje, a faixa de mais de 30 mil hectares atua como um corredor ecológico, conectando o Parque Nacional do Iguaçu, o Parque Nacional de Ilha Grande e remanescentes de Mata Atlântica.
Entre os destaques do levantamento estão espécies nativas como o angico-vermelho, ipês de várias cores, peroba, jequitibá e frutíferas como araticum, jabuticaba, pitanga e gabiroba. O estudo também mostra que a fauna local — aves, pequenos e médios mamíferos — desempenha papel essencial na dispersão de sementes, fortalecendo a regeneração natural.
Restauração ambiental e segurança hídrica
Para o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, os resultados reforçam a importância da gestão ambiental da empresa.
“O investimento em ações como essas, além de tantas outras que protegem nosso lago, ajuda a enfrentar as mudanças climáticas e garantem a disponibilidade de nossa matéria-prima, a água, para que continuemos gerando energia por mais de 190 anos adiante”, afirmou.
O gestor da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu, Luis Cesar Rodrigues da Silva, destacou o avanço das práticas de reflorestamento:
“A vegetação plantada ao longo de décadas está se consolidando como um ecossistema funcional e resiliente, com papel relevante na conservação da fauna, da flora da Mata Atlântica e na proteção hídrica do reservatório”.
Pesquisa científica e modelo de referência
Coordenadora do inventário, a pesquisadora da Embrapa Florestas, Maria Augusta Doetzer Rosot, ressaltou os ganhos obtidos:
“Se considerarmos que, antes do Lago, o que existia eram áreas de cultivos ou em processo de degradação, esta primeira etapa do inventário mostra a evolução e o ganho em diversidade. É uma floresta ainda em estado de restauração, mas já podemos observar os ganhos ambientais e a efetividade da faixa de proteção do reservatório”.
O estudo, que terá duração de cinco anos, vai além da flora: inclui análises sobre fauna, estoque de carbono, diversidade genética de árvores e uso de tecnologias de sensoriamento remoto. As próximas fases devem incorporar indicadores como riqueza de epífitas e abundância de minhocas, fundamentais para avaliar a qualidade ambiental da região.
Referência para outras hidrelétricas
A Itaipu já é reconhecida como modelo de gestão de bordas de reservatórios. Os dados obtidos devem orientar o planejamento de longo prazo da vegetação e inspirar outras hidrelétricas do país a adotar práticas semelhantes de restauração e conservação.
O inventário, fruto de parceria entre Itaipu e unidades da Embrapa no Paraná e em São Paulo, consolida a faixa de proteção da usina como um dos mais importantes exemplos de restauração ambiental no Brasil, garantindo não apenas biodiversidade, mas também segurança hídrica e energética para o futuro.