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Brasil pode ser o primeiro a investir em fundo global de florestas com potencial de R$ 7 bi

País avalia anunciar aporte no TFFF durante Assembleia da ONU e busca atrair outros países para iniciativa

Lula e floresta amazônica (Foto: REUTERS/Thaier Al Sudani | REUTERS/Ueslei Marcelino)

247 - O Brasil avalia se tornar o primeiro a anunciar investimento no Tropical Forests Finance Facility (TFFF), o Fundo de Florestas Tropicais, que pode render até R$ 7 bilhões ao país caso consiga zerar o desmatamento. Segundo a Folha de S.Paulo, o tema está em estudo pelo Palácio do Planalto e, segundo apuração do jornal, há chance de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faça o anúncio em Nova York, durante a Assembleia-Geral da ONU, marcada para a próxima semana.

A agenda do presidente prevê uma série de compromissos ligados ao meio ambiente, incluindo sua participação, no dia 23, em um evento organizado pelo Brasil na sede das Nações Unidas para promover o TFFF. A iniciativa, idealizada pelo governo brasileiro, busca atrair recursos internacionais e estimular a preservação das florestas tropicais.

Fundo com potencial bilionário

O TFFF foi estruturado como um fundo de investimento que remunera seus aportadores a taxas de mercado, mas com a particularidade de destinar parte dos lucros a países com florestas tropicais. Esse benefício se aplica mesmo às nações que não investirem diretamente, desde que cumpram exigências ambientais, como manter a taxa de desmatamento abaixo de 0,5% e destinar ao menos 20% dos recursos recebidos a povos indígenas.

Segundo cálculos preliminares do governo, em um cenário de desmatamento zero e controle de incêndios, o Brasil poderia receber cerca de R$ 7 bilhões, além de rendimentos. O país tem a maior cobertura de florestas tropicais do mundo, que inclui a Amazônia e a Mata Atlântica.

Meta de captar US$ 25 bilhões

Para viabilizar o mecanismo, o primeiro passo é garantir compromissos de investimento de até US$ 25 bilhões (cerca de R$ 132 bilhões) por parte de países e entidades filantrópicas. A expectativa é alcançar esse patamar até a COP30, em novembro, permitindo o início das operações do fundo. O plano prevê que, a partir dessa base, seja possível alavancar até R$ 530 bilhões adicionais no mercado financeiro.

Entre os países que analisam se juntar à iniciativa estão Alemanha, Noruega e Reino Unido, que já fazem cálculos sobre possíveis aportes. A China também demonstrou interesse, ainda que de forma menos assertiva.

Estrutura de governança e funcionamento

O TFFF deverá contar inicialmente com a parceria do Banco Mundial para garantir credibilidade e segurança. Haverá duas instâncias de gestão: uma voltada à governança, com participação de países detentores de florestas e apoiadores, e outra destinada às operações financeiras, que terá sede ainda indefinida.

Os contratos previstos terão duração de 40 anos, com rendimentos pagos anualmente. A partir do décimo ano, os investidores começarão a receber parte do capital aplicado de volta, além da participação nos lucros. O modelo foi desenhado para reduzir riscos: estimativas apontam menos de 4% de chance de o fundo render abaixo do esperado e menos de 1% de possibilidade de prejuízo.

Regras para acesso aos recursos

Para que um país com florestas tropicais tenha direito aos repasses, precisará cumprir uma série de requisitos ambientais e de transparência. Atualmente, apenas 30 dos mais de 70 países com esse tipo de bioma estariam aptos a participar. O descumprimento das regras pode levar à suspensão de pagamentos ou à exclusão do fundo.

O anúncio da adesão brasileira, caso confirmado por Lula durante sua viagem a Nova York, teria o papel de atrair outros governos e dar impulso inicial ao TFFF, consolidando o Brasil como protagonista global na agenda climática.

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