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      Coalizão global convoca ações contra a desinformação climática

      Iniciativa liderada por Brasil, ONU e Unesco visa reunir propostas para proteger a integridade da informação sobre a mudança do clima

      Floresta (Foto: Agência Brasil )
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - Uma coalizão internacional formada por nove países, incluindo o Brasil, além de organismos multilaterais como a ONU, a Unesco e a UNFCCC, lançou um chamado mundial para enfrentar a desinformação relacionada à mudança do clima.

      A Iniciativa Global pela Integridade da Informação sobre a Mudança do Clima, como é chamada, busca identificar e impulsionar ações concretas para combater a desinformação, a negação científica, o 'greenwashing' e outras estratégias que atrasam ou comprometem a resposta global à crise climática. O esforço integra o “Mutirão Global” convocado pela Presidência da COP30, que ocorrerá em novembro de 2025 em Belém (PA), e que pretende acelerar soluções práticas diante da emergência ambiental.

      As propostas selecionadas serão apresentadas na COP30, consolidando compromissos e boas práticas dentro da Agenda de Ação Climática Global. O prazo para envio de projetos vai até 31 de agosto de 2025.

      Tema inédito na agenda oficial da COP - Pela primeira vez, o combate à desinformação foi incorporado formalmente à Agenda de Ação da Conferência do Clima, resultado direto da articulação da Presidência brasileira da COP30. A decisão reflete a crescente preocupação com os impactos do negacionismo sobre a confiança pública e o engajamento em ações climáticas.

      “A ação climática também é profundamente afetada pelo negacionismo e pela desinformação. Os países não podem resolver esse problema sozinhos”, alertou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a Cúpula de Líderes do G20, no Rio de Janeiro, em novembro de 2024. “Essa iniciativa reunirá esforços globais para garantir o acesso à informação confiável e promover ações concretas rumo à COP30”, destacou Lula.

      O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo direto na mesma ocasião para fortalecer o enfrentamento das “campanhas coordenadas de desinformação que impedem o progresso global no enfrentamento às mudanças do clima, desde a negação explícita até o greenwashing e o assédio a cientistas”.

      Proteção a jornalistas e cientistas - A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, também enfatizou o papel da iniciativa na proteção de profissionais que atuam na linha de frente da cobertura e pesquisa climática. “Por meio desta iniciativa, apoiaremos os jornalistas e pesquisadores que investigam questões sobre o clima, muitas vezes sob grande risco pessoal, e combateremos a desinformação relacionada ao clima que se espalha desenfreadamente nas redes sociais”, afirmou.

      O risco representado pela desinformação já foi reconhecido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que em 2022 alertou para o “enfraquecimento deliberado da ciência”, com impactos sobre a percepção do consenso científico e a urgência da crise climática.

      A preocupação é reforçada pelo primeiro Relatório Global de Riscos da ONU, divulgado neste mês, que aponta a desinformação como a principal vulnerabilidade mundial atual, enquanto riscos ambientais ocupam cinco das dez primeiras posições entre os mais críticos para todas as regiões.

      O que pode ser apresentado - Organizações de todo o mundo — incluindo governos, setor privado, instituições acadêmicas, ONGs e agências multilaterais — podem inscrever iniciativas já em curso que atuem em áreas como:

      • Pesquisa sobre desinformação e ameaças à integridade da informação climática
      • Desenvolvimento de ferramentas e métodos de combate à desinformação
      • Campanhas e estratégias de comunicação sobre mudanças climáticas
      • Apoio ao jornalismo ambiental e científico
      • Proteção e integridade de dados científicos sobre o clima
      • Transparência na cadeia de fornecimento de publicidade
      • Educação midiática e digital voltada para o tema climático

      Além da submissão de iniciativas, o Mutirão também convida organizações e indivíduos a contribuírem financeiramente com o Fundo Global para a Integridade da Informação sobre o Clima, gerido pela Unesco no escopo da Iniciativa Global.

      As propostas serão avaliadas pelo Comitê Gestor e pelo Grupo de Assessoramento da iniciativa. As selecionadas poderão compor a Agenda oficial de soluções da COP30.

      Desinformação como risco político e ético - Para a CEO da COP30, Ana Toni, é essencial reconhecer os avanços já alcançados, como o Acordo de Paris, e evitar que a desinformação comprometa a confiança no processo internacional. “Se começarmos a duvidar do sistema do qual fazemos parte e abandonarmos o multilateralismo, é exatamente isso que a desinformação e as notícias falsas querem: nos isolar e paralisar as coisas”, alertou.

      Na mesma linha, Frederico Assis, enviado especial da COP30 para a Integridade da Informação, reforçou que a desinformação não deve ser tratada como uma questão técnica. “Informações falsas ou distorcidas podem minar a credibilidade de todo o processo da COP, desestimular o engajamento da população, alimentar narrativas que legitimam o imobilismo”, declarou. “No fim, o fardo recai sobre as pessoas, comunidades e nações mais vulneráveis, especialmente no Sul Global. É por isso que garantir a integridade da informação sobre a mudança do clima não é mera formalidade técnica, mas um dever ético e político em defesa do nosso futuro comum.”

      A Iniciativa já conta com o apoio de importantes instituições internacionais, como o IPCC, a Organização Meteorológica Mundial (WMO), a Organização Internacional para as Migrações (IOM), o Instituto Internacional de Imprensa (IPIE), a Coalizão para a Ação sobre Dados Climáticos (CAAD), o Fórum sobre Informação e Democracia e a Rede de Conhecimento Global.

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