“A China mostra que é possível crescer sem destruir o meio ambiente”, diz correspondente do 247 em Pequim
Bianca Penteado relata iniciativas de sustentabilidade, tecnologia e preservação ambiental que transformam o cotidiano do gigante asiático
Por Beatriz Bevilaqua, 247 – A China, frequentemente lembrada apenas por sua dimensão e economia, tem se destacado também por avanços significativos em sustentabilidade e preservação ambiental. É o que revela a jornalista e correspondente internacional do Brasil 247, Bianca Penteado, que está há dois meses no país participando de um programa voltado a jornalistas do Sul Global para intercâmbio cultural e profissional.
“Antes de vir para a China, eu tinha uma noção muito superficial do país. Somos constantemente bombardeados por preconceitos e estereótipos. Mas estar aqui e ver de perto o desenvolvimento tecnológico e a busca por sustentabilidade é completamente diferente de apenas ler sobre isso”, afirma Bianca.
Entre as iniciativas mais impactantes, ela destaca projetos de revitalização de rios e lagos como o “Water pollution prevention and control action plan”, que tem por objetivo despoluir os corpos d’água prejudicados pela industrialização acelerada. A iniciativa ampliou o monitoramento ambiental e incentivou a participação da população no cuidado com os recursos hídricos.
A sustentabilidade também se reflete no transporte urbano. Em Pequim, apesar do trânsito intenso, há uma forte aposta em veículos elétricos, uso de bicicletas e uma frota de mais de 500 mil ônibus movidos a energia limpa. “Essas pequenas iniciativas do dia a dia fazem a diferença e tornam a cidade melhor para todos”, aponta.
Desde 2013, a China reduziu em 50% a média de partículas finas na atmosfera e cortou em 93% os dias de poluição severa. Em 2024, mais de 80% dos dias registraram qualidade do ar considerada boa, e a expectativa até o final de 2025 é não haver nenhum dia de poluição severa. “O resultado é fruto tanto das iniciativas governamentais quanto do monitoramento da própria população”, explica Bianca.
A preocupação ambiental na China se reflete em cada detalhe como ruas limpas, lixeiras seletivas a cada esquina e centros de reciclagem que vão além do processamento de resíduos, transformando-os em energia elétrica. “A China valoriza o bem comum”, comenta Bianca. Ela lembra que essa experiência começa a ser replicada no Brasil, onde está prevista para 2027 a inauguração da primeira usina Waste to Energy da América Latina. O projeto, em Barueri (SP), utilizará a queima controlada de cerca de 870 toneladas de resíduos por dia para gerar energia elétrica, reduzir emissões e diminuir em até 90% o volume de lixo destinado a aterros sanitários.
No setor energético, o país aposta em fontes limpas. Entre janeiro e maio deste ano, foram instalados quase 198 GW de capacidade solar e 46 GW de energia eólica. Um destaque recente é o primeiro centro de dados aquático movido a energia eólica, que deve usar 95% de eletricidade proveniente de fontes renováveis.
Para Bianca, o país tem potencial para se consolidar como a principal potência global, principalmente pela postura multilateral adotada em sua política externa. “A China busca se aproximar de outros países, fortalecer cooperações e ao mesmo tempo integrar suas ações de sustentabilidade à política internacional”, conclui.
A experiência de Bianca na China evidencia que o gigante asiático não é apenas uma potência econômica, mas também um laboratório de soluções sustentáveis e tecnológicas, que podem servir de inspiração para o mundo e para o Brasil.


