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Da pastagem degradada ao celeiro verde: empresas chinesas impulsionam a agricultura sustentável no coração do Brasil

Tecnologia e cooperação internacional estão transformando terras improdutivas em áreas férteis e sustentáveis

O coordenador de sustentabilidade do Grupo Syngenta, Gabriel Mora (Foto: Chen Yiming / Diário do Povo)

247 – No estado do Mato Grosso, principal polo agrícola do Brasil, um movimento silencioso vem redefinindo o futuro da produção de alimentos. De acordo com reportagem do jornalista Chen Yiming, publicada no Diário do Povo, empresas chinesas estão ajudando a restaurar pastagens degradadas e transformá-las em campos férteis, com alto rendimento e baixo impacto ambiental.

Sob o sol intenso do centro-oeste, o coordenador de sustentabilidade da Syngenta, Gabriel Mora, mostra dois punhados de terra: um escuro e fértil, outro compactado e infértil. A diferença entre ambos revela o impacto das práticas de restauração. “Primeiro neutralizamos a acidez do solo com calcário, depois restauramos a fertilidade com rotação de culturas e fertilizantes orgânicos”, explicou Mora. “O solo saudável funciona como uma esponja — é a base da agricultura sustentável.”

A Syngenta, subsidiária da gigante chinesa Sinochem Holdings, lidera o Programa Reverte, criado em 2019 em parceria com o banco Itaú BBA e a organização The Nature Conservancy (TNC). O objetivo é restaurar um milhão de hectares de pastagens degradadas até 2030, transformando-os em áreas agrícolas produtivas.

Tecnologia e sustentabilidade lado a lado

A iniciativa já restaurou 279 mil hectares em 11 estados brasileiros, com investimento superior a US$ 378 milhões. O foco é aumentar a produtividade em terras já existentes, evitando o desmatamento. “Nosso compromisso é melhorar a produtividade com inovação tecnológica, sem expandir para novas áreas”, afirmou Saswato Das, diretor de comunicação da Syngenta.

Fazendas como a JCN Farm, também no Mato Grosso, são exemplos de sucesso. Ali, o uso de máquinas agrícolas inteligentes permite semeadura, adubação e controle de pragas com precisão e menor impacto ambiental. Sistemas digitais como o Perfect Flight e o Protector monitoram o uso de defensivos agrícolas e o surgimento de pragas em tempo real, garantindo eficiência e redução de desperdícios.

O modelo de integração entre lavoura e pecuária

Outro destaque é o sistema de integração lavoura-pecuária, em que o gado é colocado para pastar nos períodos de entressafra. “Mantemos cerca de dez cabeças de gado por hectare durante 90 dias, o que gera o equivalente a 80 a 100 quilos de nitrogênio natural por hectare”, explicou o gerente da fazenda. Essa prática reduz o uso de fertilizantes em mais de 60%, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a rentabilidade dos produtores.

Na área de viveiros, milhares de mudas nativas são cultivadas para restaurar a vegetação e proteger nascentes e córregos. “Essas árvores serão usadas para recuperar a mata ciliar de 46 riachos locais”, disse o administrador Ronielson.

Brasil e China: parceria verde para o futuro

O diretor agrícola da JCN Farm, Elson Esteves, ressaltou a importância do mercado chinês nesse processo. “A maioria dos nossos produtos é exportada para a China, e os consumidores chineses estão cada vez mais atentos a práticas agrícolas verdes e saudáveis”, afirmou. “Essa demanda está redesenhando o futuro da agricultura brasileira.”

A Syngenta e seus parceiros veem na cooperação sino-brasileira uma oportunidade estratégica. “Estamos restaurando não apenas a terra, mas também uma forma de convivência harmoniosa entre o ser humano e a natureza”, concluiu Esteves.

Com a aproximação da COP30, que será realizada em Belém (PA), projetos como o Reverte colocam o Brasil em posição de destaque nas discussões globais sobre agricultura sustentável, restauração ambiental e cooperação internacional.

📎 Reportagem original de Chen Yiming, publicada no Diário do Povo (People’s Daily).

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