Safra recorde de grãos fortalece soberania alimentar, diz Edegar Pretto
Presidente da Conab destacou que colheita histórica amplia oferta, reduz preços e garante abastecimento em todo o país
247 - A produção agrícola brasileira alcançou um marco histórico na safra 2024/2025, com 350,2 milhões de toneladas de grãos colhidas. Os dados foram divulgados pelo presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, em entrevista à Voz do Brasil nesta quinta-feira (11). O volume representa um crescimento de 16,3% em comparação com o ciclo anterior, ou 49,1 milhões de toneladas a mais.
Com esse resultado, o país supera o recorde anterior, registrado em 2022/2023, quando foram colhidas 324,36 milhões de toneladas. Para Pretto, a conquista reforça a missão de garantir comida acessível e de qualidade. “Assim, nós vamos garantindo a segurança alimentar e nutricional para a população”, afirmou.
Soja e milho lideram a produção
Entre as culturas, a soja continua a ser o principal destaque, respondendo por quase metade da safra nacional. O grão atingiu a marca inédita de 171,5 milhões de toneladas, com alta de 13,3% sobre o ciclo anterior. O milho também registrou resultado expressivo, alcançando 139 milhões de toneladas, crescimento de 20,9% em relação ao último período.
Além desses dois produtos, houve expansão significativa na produção de algodão, arroz e feijão. Pretto ressaltou que, após 13 anos de queda contínua, as lavouras de arroz e feijão voltaram a crescer. O arroz ultrapassou 12 milhões de toneladas, enquanto o feijão também apresentou safra robusta, garantindo a presença de alimentos básicos nas mesas brasileiras.
Fatores que impulsionaram a supersafra
De acordo com a Conab, o resultado foi impulsionado pela ampliação da área cultivada, que passou de 79,9 milhões para 81,7 milhões de hectares, e pela elevação de 13,7% na produtividade média nacional. Condições climáticas favoráveis, sobretudo no Centro-Oeste, em especial no Mato Grosso, também contribuíram para o desempenho.
O presidente destacou ainda os incentivos do Plano Safra da Agricultura Familiar, retomado no governo Lula, que oferece juros subsidiados. “Se produzir de forma agroecológica, sem aditivos químicos, o juro é de 2% ao ano. Isso fez com que plantar arroz e feijão voltasse a ser um bom negócio para o agricultor brasileiro”, explicou.
Impacto nos preços e na vida dos consumidores
O aumento da oferta já reflete no bolso dos consumidores. Pretto lembrou que, segundo levantamento recente, 24 das 27 capitais registraram queda no preço dos alimentos. “Quanto mais produto sendo ofertado no supermercado, maior a possibilidade de preços justos para a população”, disse.
Parcerias com o Dieese ampliaram o monitoramento da cesta básica de 17 para 27 capitais. O dirigente destacou que a Conab tem papel central na regulação de preços e na execução de programas sociais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). “Hoje, 80% da comida ofertada no PAA vem de mulheres trabalhadoras rurais”, afirmou.
Estoques públicos e regulação de mercado
Outra medida considerada essencial é a retomada dos estoques públicos, esvaziados em gestões anteriores. Pretto explicou que, quando há excesso de produção, a Conab compra grãos a preços mínimos para garantir renda ao produtor e, em momentos de escassez ou aumento de preços, coloca esses estoques no mercado.
Um exemplo citado foi a compra de milho em 2023: adquirido a R$ 44 a saca, quando o mercado pagava apenas R$ 33, o produto foi posteriormente vendido a R$ 60 no Nordeste, após a seca elevar os preços a R$ 100. Essa política permitiu equilibrar o mercado, proteger produtores e assegurar alimentos mais acessíveis.
Brasil fora do Mapa da Fome
Com a supersafra, o país consolida avanços no combate à insegurança alimentar. “O Brasil saiu do mapa da fome, estamos tendo deflação em grande parte das capitais e vamos continuar garantindo políticas públicas que fortaleçam quem planta e assegurem preços justos para quem consome”, concluiu Pretto.