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Gustavo Tapioca

Jornalista formado pela Universidade Federal da Bahia e MA pela Universidade de Wisconsin-Madison. Ex-diretor de redação do Jornal da Bahia, foi assessor de Comunicação Social da Telebrás, consultor em Comunicação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do (IICA/OEA). Autor de "Meninos do Rio Vermelho", publicado pela Fundação Casa de Jorge Amado.

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Se fosse nos EUA, Eduardo Bolsonaro já estaria cassado e preso por traição

A pergunta que fica é: Até quando?

Eduardo Bolsonaro - 14/08/2025 (Foto: REUTERS/Jessica Koscielniak)

Há mais de seis meses, o deputado Eduardo Bolsonaro mora nos Estados Unidos. De lá, transformou sua rotina parlamentar em militância permanente contra o Brasil, ao mesmo tempo em que tenta, por manobras regimentais, manter o mandato mesmo ausente do país. A cada medida de Donald Trump contra o governo Lula — seja sanção, chantagem ou ameaça velada —, Eduardo antecipa, anuncia e repercute em suas redes, não como quem denuncia, mas como quem comemora. Age como correia de transmissão dos interesses de Washington contra a soberania brasileira. Apesar de tudo, continua deputado federal. Mantém salários, prerrogativas e imunidades, mesmo dedicando-se diariamente a enfraquecer o próprio país que jurou defender.

Mas o que aconteceria se fosse ao contrário?

Suponhamos que um congressista norte-americano se instalasse no Brasil e, daqui, passasse meses divulgando, elogiando e estimulando medidas de um governo estrangeiro contra os Estados Unidos, traindo o próprio país e toda a região norte-americana que o elegeu com mais de um milhão de votos. O que aconteceria com ele perante as leis dos EUA? A resposta é evidente. Não permaneceria no cargo por muito tempo. Nos Estados Unidos, existem instrumentos legais e políticos precisos para enquadrar parlamentares que atuem contra o interesse nacional.

O peso das leis americanas

Algumas normas são decisivas nesse contexto:

- Logan Act (1799): proíbe cidadãos norte-americanos de manter negociações não autorizadas com governos estrangeiros em disputa com os EUA. Ainda que raramente aplicado, continua válido.
- Foreign Agents Registration Act (FARA, 1938): obriga qualquer cidadão ou autoridade que atue em nome de outro país a se registrar formalmente como “agente estrangeiro”. O não registro é crime federal.
- Espionage Act (1917): caso as ações resultem em colaboração com sanções, espionagem ou transmissão de informações que prejudiquem a segurança nacional, as penas podem chegar à prisão perpétua.
- Código de Ética do Congresso: congressistas devem lealdade à Constituição. Trabalhar para fragilizar os EUA em favor de outra nação configura quebra de juramento, passível de cassação imediata.

O que aconteceria na prática

Se um deputado americano agisse no Brasil como Eduardo Bolsonaro age nos EUA, o desfecho seria rápido e implacável:

1. Investigação do FBI e do Departamento de Justiça por violação do Logan Act e do FARA.
2. Abertura de processo disciplinar no Comitê de Ética do Congresso, com probabilidade de censura pública ou cassação do mandato.
3. Reação midiática fulminante, com cobertura denunciando a atuação como traição.
4. Acusação criminal, variando de conspiração até crime contra a segurança nacional.

Em suma. Estaria politicamente destruído e juridicamente comprometido.

O contraste é gritante

Nos EUA, nenhuma instituição toleraria que um congressista atuasse contra a soberania de seu país em favor de uma potência estrangeira. No Brasil, ao contrário, Eduardo Bolsonaro continua a agir sem freios, protegido pela inércia institucional e pelo silêncio cúmplice de parte da mídia. Enquanto lá fora vigoram leis e práticas severas contra agentes de interesses estrangeiros, aqui se normaliza a conduta de um deputado que ecoa, celebra e legitima a chantagem externa.

O exercício comparativo revela mais do que um desequilíbrio: escancara a urgência de discutir mecanismos de proteção da soberania e responsabilização de parlamentares que atuam contra o país. Se nos Estados Unidos Eduardo Bolsonaro já teria sido cassado e talvez preso, no Brasil continua deputado, com imunidade e holofotes.

A pergunta que fica é: Até quando?

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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