Resistência, luta, unidade e firmeza dos povos para conquistar a paz
Eventos na Venezuela marcam uma nova etapa na luta anti-imperialista
José Reinaldo Carvalho, de Caracas - Em um evento carregado de simbolismo e reflexão profunda, realizou-se com êxito nesta quarta (23) e quinta-feira (24), o Fórum Internacional em defesa da humanidade, da paz e do equilíbrio do mundo. O evento foi realizado na Casa Amarela, em Caracas, sede do Ministério Popular das Relações Exteriores. O evento, organizado pelo Instituto Simón Bolívar, foi também uma homenagem ao Libertador, cujo natalício transcorreu em 24 de julho.
Blanca Eekhout, deputada e presidenta do Instituto Simón Bolívar para a Paz e a Solidariedade entre os Povos, destacou o apelo do presidente Nicolás Maduro para que a geopolítica e a diplomacia sejam uma questão de todo o povo. "Estamos celebrando o 242º aniversário do nascimento do Padre Bolívar. Um nascimento que é permanente porque Bolívar nasce todos os dias em nossas lutas, em cada batalha, na resistência de nosso povo. Seu legado é para nós uma bandeira, um estandarte, uma força motriz", afirmou.
Citando o eterno Comandante Hugo Chávez, acrescentou: "Um nascimento permanente de Bolívar. Tínhamos considerado que Bolívar despertou, como diz o poema de Neruda; mas Bolívar verdadeiramente ressuscitou dentro de seu povo e vive todos os dias". Ele também enfatizou a visão geopolítica do Libertador, que "propôs a independência e a união das nações, uma pátria de iguais, justa, maior, como disse Bolívar, por suas virtudes e glória, por sua amplitude e riqueza".
Por sua vez, Yvan Gil, Ministro das Relações Exteriores da Venezuela, lembrou a capacidade de Simón Bolívar de "mudar a humanidade, de reverter o curso perverso, o curso da imposição, da dominação, do imperialismo, de derrotar o império mais poderoso que existia na época". Ele enfatizou que Bolívar era capaz de compreender, expressar suas opiniões e convencer uma geração inteira.
O evento reuniu um grupo diversificado de movimentos sociais, partidos políticos, intelectuais, movimentos culturais e mais de 100 representantes internacionais de 40 países.
O Fórum faz parte de uma série de encontros que culmina na Cúpula dos Povos pela Paz e Contra a Guerra, nesta sexta-feira (25).
Fui honrado com o convite para participar nestes eventos, onde fiz uma intervenção abrangente sobre os temas em debate, trouxe à reflexão opiniões sobre a atual conjuntura internacional, marcada por ofensiva imperialista e transformações que anunciam uma nova era multipolar.
Vivemos uma era perigosa e, ao mesmo tempo, carregada de potencial libertador. Mas a paz ainda está distante, tomando em consideração a ofensiva imperialista. O imperialismo estadunidense e o europeu impõem sanções, promovem golpes, bloqueios e guerras por procuração, como na Ucrânia. Seu aliado preferencial no Oriente Médio, o estado pária de Israel perpetra um holocausto contra o povo palestino, além de agredir o Líbano, a Síria, o Irã e o Iêmen.
O imperialismo recorre à guerra como mecanismo de dominação econômica e política, destrói o direito internacional e o direito internacional humanitário.
Entretanto, do outro lado da história, avança o polo dos povos e nações que constroem alternativas.
Essas forças denunciam e combatem a escalada militarista e os crimes de guerra dos EUA, pugnam pela extinção da Otan, braço armado das potências imperialistas ocidentais, a desativação das mais de 800 bases estadunidenses implantadas mundo afora, a ocupação de Guantánamo, os bloqueios contra Cuba, sua inclusão na lista infame dos patrocinadores do terrorismo, as declarações agressivas de Donald Trump, a ingerência contínua contra a Revolução Bolivariana da Venezuela e a NIcarágua Sandinista.
Emergência da multipolaridade
Enquanto o imperialismo promove o caos, novas forças se levantam: o Sul Global, o BRICS+, a CELAC, o G77+China, a Organização de Cooperação de Xangai, o Movimento dos Países Não Alinhados, a União Africana e as iniciativas chinesas de desenvolvimento, paz, segurança e civilização globais indicam o nascimento de uma ordem multipolar, baseada na soberania e na cooperação solidária.
Neste contexto, ganha força a proposta da Venezuela de mobilização mundial pela paz. É urgente organizar os povos contra a guerra, o saque e o neocolonialismo. O movimento pela paz não pode ser neutro. Não há simetria entre agressores e agredidos. A verdadeira paz exige denunciar os responsáveis pelas guerras, combater as campanhas midiáticas que criminalizam os povos resistentes, e apoiar as lutas justas pela libertação nacional e social. Isso implica defender o povo palestino, apoiar Cuba, solidarizar-se com a Venezuela, combater o bloqueio ao Irã, repudiar a escalada bélica da OTAN contra a Rússia, e dizer não aos intentos de conter o desenvovimento da China e asssediá-la.
Cinco tarefas centrais na luta pela paz
1. Reafirmar a autodeterminação dos povos
A autodeterminação é o pilar da paz verdadeira. Onde há dominação externa, não há liberdade. Devemos defender o direito dos povos de escolherem seus destinos — como Cuba, Venezuela e Palestina — e combater toda forma de tutela, ocupação ou manipulação midiática.
2. Denunciar sanções, bloqueios e ingerências como formas de guerra híbrida
As sanções são armas de destruição econômica. Provocam fome, colapso dos serviços públicos e sofrimento generalizado. Devemos tratá-las como crimes contra a humanidade. A luta contra o bloqueio a Cuba e as sanções à Venezuela, Irã e outros países deve ser permanente.
3. Ampliar a solidariedade ativa aos povos em luta
A solidariedade internacionalista é central: apoiar o povo palestino contra o apartheid, os processos revolucionários latino-americanos, os povos africanos que enfrentam o neocolonialismo e os asiáticos que resistem à dominação. A paz será internacionalista ou não será.
4. Apoiar os processos de integração regional soberana
A integração regional é antídoto contra as guerras. O movimento pela paz deve defender e fortalecer essas articulações, combatendo tentativas de sabotagem via golpes, chantagens e campanhas de desinformação.
5. Lutar por uma nova arquitetura internacional da paz
É preciso superar o atual sistema de segurança global, dominado por instituições ocidentais. A OTAN e o Conselho de Segurança da ONU não representam os interesses dos povos. Devemos apoiar iniciativas do Sul Global e exigir o desmantelamento das bases militares estrangeiras, em especial as estadunidenses.
Esses eixos formam uma plataforma clara para o novo internacionalismo pacifista, que combate o imperialismo e semeia a paz com justiça.
Paz, Soberania e Multipolaridade
Queremos uma paz ativa, baseada na igualdade, soberania e autodeterminação. A multipolaridade não é só mudança de polos econômicos — é chance histórica de romper com séculos de hegemonia imperial.
O imperialismo está em declínio. Os povos, conscientes e organizados, têm força para mudar o curso da história. O imperialismo estadunidense é uma superpotência militar e nuclear, mas não é invencível. Será derrotado.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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