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Leonardo Attuch

Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.

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O Brasil fora do Mapa da Fome pela segunda vez é uma conquista que deve inspirar um novo consenso no País

O que foi conquistado em 2014 por Dilma e reconquistado por Lula em 2025 não pode mais ser destruído por choques neoliberais

Lula e Dilma Rousseff (Foto: Ricardo Stuckert)

O anúncio da retirada do Brasil do Mapa da Fome, feito com base no relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), representa uma vitória concreta contra a miséria imposta por anos de políticas neoliberais. Trata-se de um feito que confirma a eficácia de políticas públicas voltadas à proteção social e ao combate à desigualdade, como o Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos, os restaurantes populares, o Fome Zero e a valorização do salário mínimo.

Esse avanço não se deve ao acaso. É resultado de um modelo de Estado ativo, que entende a fome como uma questão política e moral – e não como estatística. A conquista de 2025, sob o governo do presidente Lula, reverteu a tragédia provocada pela agenda de desmonte iniciada após o golpe parlamentar de 2016. Em 2014, o Brasil já havia deixado o Mapa da Fome sob a gestão da presidente Dilma Rousseff, após mais de uma década de ações coordenadas para erradicar a subalimentação. Dois anos depois, com a deposição ilegal do governo eleito, a destruição das políticas sociais tornou inevitável o retorno da fome.

O Brasil foi empurrado de volta ao Mapa da Fome em 2018, não por uma crise inevitável, mas por uma decisão política deliberada. A adoção de um modelo neoliberal radical pelo consórcio PSDB-MDB, que chegou ao poder sem votos, foi a origem direta do colapso social. A nova política de preços da Petrobras impôs miséria às famílias mais vulneráveis, os direitos trabalhistas foram destruídos, a valorização do salário mínimo foi abandonada e a proteção social foi desmontada em nome de um modelo predatório que só beneficiou o capital financeiro.

O choque neoliberal da era Temer-Bolsonaro provou, mais uma vez, ser uma máquina de moer os pobres. Sua lógica de concentração de renda, privatização do Estado e ataque sistemático aos direitos sociais produziu resultados objetivos: desemprego, inflação de alimentos, colapso da renda e o retorno da fome em um país com vastos recursos naturais e produtivos.

A reversão dessa tragédia, liderada por Lula em seu terceiro mandato, recoloca o Brasil em uma trajetória de reconstrução nacional. As políticas sociais foram retomadas, programas essenciais reativados e a fome voltou a ser tratada como prioridade de governo. A redução de 85% na insegurança alimentar entre 2023 e 2024, num esforço capitaneado pelo ministro Wellington Dias, é a prova de que combater a miséria exige vontade política, investimento público e ruptura com o receituário neoliberal.

A superação da fome deve se tornar cláusula pétrea do pacto civilizatório brasileiro. Nenhum projeto de país pode ser levado a sério enquanto houver brasileiros e brasileiras subalimentados ou famílias vivendo da caridade. O Brasil precisa consolidar um novo consenso nacional: o combate à fome e à desigualdade não é opcional – é obrigação do Estado.

A política de destruição promovida pelos neoliberais entre 2016 e 2022 não pode mais se repetir. A fome não foi um efeito colateral, mas sim a consequência inevitável de um projeto de poder excludente. E sua única resposta eficaz está na proteção social, na soberania alimentar e na valorização da vida. O Brasil que voltou a sair do Mapa da Fome em 2025 não pode mais aceitar retrocessos. Neoliberalismo nunca mais!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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