Novo ataque imperialista de Trump reforça onda nacionalista no Brasil
Uma agressão sem precedentes que força o país a escolher entre soberania e submissão
O Brasil foi arremessado violentamente, contra a sua vontade, ao centro da geopolítica mundial. Nossa geração nunca havia enfrentado um ataque imperialista tão brutal. Outros países, outros povos vêm enfrentando de forma quase cotidiana esse tipo de agressão externa, mas até então era uma realidade que apenas os outros experimentavam, não o Brasil. Agora é com a gente.
A decisão do governo Trump de aplicar a Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes representa a escalada dramática de uma ofensiva que começou antes mesmo da posse do novo presidente americano. Primeiro vieram os ataques aos BRICS, depois as ameaças de taxar em 10% quem participasse do grupo, seguidas pelo maior golpe de todos: a chantagem direta contra o poder judicial brasileiro.
A carta de Donald Trump exigindo que os processos contra Jair Bolsonaro fossem “imediatamente” suspensos – grafada em caixa alta, como um ultimato – deixou cristalino que se tratava de um ataque ao Estado brasileiro, às suas instituições democráticas, ao país em sua integralidade. O anúncio das sanções contra Moraes confirma que essa agressão se dirige contra toda a nação brasileira, não apenas contra um magistrado ou uma instituição específica.
De uma forma ou outra, é uma ruptura para grande parte de nossas elites políticas, que sempre viram os Estados Unidos como uma referência. E o grau de absurdo, arbítrio e injustiça da medida não deixa sequer margem para uma postura conciliatória.
Pela primeira vez em décadas, o Brasil se vê no epicentro de uma disputa geopolítica global, forçado a definir sua posição diante de uma potência que não hesita em usar a mais infame chantagem econômica para dobrar a soberania de outros países. A questão que se coloca agora transcende partidos políticos ou preferências ideológicas: trata-se da defesa da dignidade nacional.
A Lei Magnitsky em ação
O Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) dos Estados Unidos formalizou na quarta-feira (30) a aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes. A medida bloqueia todos os eventuais bens do ministro em território americano, assim como qualquer empresa que esteja ligada a ele. Moraes também fica impedido de realizar transações com cidadãos e empresas dos Estados Unidos, incluindo o uso de cartões de crédito de bandeira americana.
A Lei Magnitsky foi criada em 2012 durante o governo Barack Obama, inicialmente para punir oligarcas e autoridades russas envolvidas na morte do advogado russo Sergei Magnitsky, que morreu na prisão após denunciar um esquema de desvio de dinheiro por membros do governo da Rússia. Em 2016, a legislação foi ampliada para alcance global, permitindo que os Estados Unidos imponham sanções a cidadãos estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos ou corrupção em larga escala.
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, justificou a medida com acusações diretas contra o ministro brasileiro. “Alexandre de Moraes assumiu para si o papel de juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal contra cidadãos e empresas dos Estados Unidos e do Brasil”, declarou Bessent. Segundo ele, “Moraes é responsável por uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos judicializados com motivação política – inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro”.
A escalada havia começado no dia 18 de julho, quando o secretário de Estado Marco Rubio anunciou a revogação de vistos americanos de ministros do STF e seus parentes, citando Moraes nominalmente. Para justificar a medida, Rubio mencionou especificamente o processo que corre no STF contra Jair Bolsonaro, que se tornou réu por tentativa de golpe de Estado após perder as eleições para Lula em 2022.
Segundo reportagem do Washington Post, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro trabalhou diretamente com membros do governo Trump para impor as sanções contra Moraes. Duas autoridades ligadas ao governo americano confirmaram ao jornal que viram uma minuta da proposta circulando nas últimas semanas, baseada justamente na Lei Magnitsky.
A resposta soberana do Brasil
Em entrevista ao New York Times, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou que “o Brasil negociará como um país soberano” e que não aceita participar de uma Guerra Fria contra a China. A declaração veio alguns dias depois das tarifas de 50% impostas por Trump entrarem em vigor.
“Em nenhum momento o Brasil negociará como se fosse um país pequeno contra um país grande. O Brasil negociará como um país soberano”, afirmou Lula. “Na política entre dois Estados, a vontade de nenhum deve prevalecer. Precisamos sempre encontrar um meio-termo. Isso não se consegue estufando o peito e gritando sobre coisas que não se pode realizar, nem abaixando a cabeça e simplesmente dizendo ‘amém’ a tudo o que os EUA desejam”.
Sobre o julgamento de Bolsonaro, Lula foi categórico: “O Brasil tem uma Constituição, e o ex-presidente está sendo julgado com pleno direito de defesa”. O presidente brasileiro criticou a mistura de questões políticas com comerciais promovida por Trump. “Se ele quer ter uma briga política, então vamos tratá-la como uma briga política. Se ele quer falar de comércio, vamos sentar e discutir comércio. Mas não se pode misturar tudo”.
Lula revelou ainda que o governo brasileiro tentou estabelecer diálogo com Washington, designando o vice-presidente, o ministro da Agricultura e o ministro da Economia para conversas com seus homólogos americanos. “Até agora, não foi possível”, lamentou. O governo teve 10 reuniões sobre comércio com o Departamento de Comércio americano e enviou uma carta em 16 de maio pedindo resposta. “A resposta que recebemos foi por meio do site do presidente Trump, anunciando as tarifas sobre o Brasil”.
Questionado sobre as relações com a China, Lula foi enfático: “Temos uma relação comercial extraordinária com a China. Se os Estados Unidos e a China quiserem uma Guerra Fria, não aceitaremos. Não tenho preferência. Tenho interesse em vender para quem quiser comprar de mim, para quem pagar mais”.
O tiro que saiu pela culatra
As sanções não vão ter efeito nenhum sobre as decisões do Alexandre de Moraes. O incômodo que elas causarão será exclusivamente do ponto de vista do seu conforto pessoal, mas nada que ele não tenha já se precavido há meses e que não consiga contornar com algumas medidas financeiras básicas. Hoje em dia no mundo, até por conta dessas agressões americanas indiscriminadas, já existe uma diversidade de cartões, moedas eletrônicas e instituições financeiras que estão protegidas do braço imperialista.
Essas medidas vão reforçar as acusações já em andamento contra Bolsonaro de crime de obstrução da justiça. Trump acabou de condenar e fechar o caixão de Bolsonaro. A notícia confirmada pela imprensa americana da participação direta de Eduardo Bolsonaro trabalhando com o governo americano para construir essas sanções vai agravar ainda mais a situação processual do ex-presidente, fornecendo mais elementos para as acusações de articulação com potências estrangeiras contra as instituições brasileiras.
Agora os brasileiros precisam apertar o cinto, manter a postura altiva e defender o país. As instituições brasileiras devem proteger a nação e sua soberania com galhardia e coragem, porque desta vez os Estados Unidos não estão bombardeando crianças na Palestina, nem atacando países indefesos e vulneráveis economicamente que covardemente costumam agredir. Estão atacando uma das maiores economias do mundo, um povo orgulhoso do seu país, instituições políticas fortes e democráticas.
A nova polarização nacional
O bolsonarismo está traindo o país. A direita brasileira, em consequência disso, se dividirá fatalmente: uma parte, vinculada ao Bolsonaro, ficará do lado de Trump, radicalizando-se e perdendo relevância política. A outra parte da direita que se posicionar contra Trump será obrigada a se voltar contra Bolsonaro, provocando uma ruptura definitiva no campo conservador.
Na esquerda, a unidade será total. O centro, por sua vez, conforme várias pesquisas já deixaram claro, é empurrado para o apoio a Lula e para uma aliança com a esquerda sempre que a soberania é colocada em questão. Entre os setores liberais, aqueles que mantiverem o mínimo de autoestima e respeito às instituições democráticas nacionais também tenderão a aderir à frente ampla democrática em defesa da soberania.
O Brasil vive agora uma nova polarização entre aqueles que se alinham com os interesses estrangeiros e aqueles que defendem a soberania nacional. Não se trata mais de esquerda contra direita, mas de patriotas contra entreguistas. Pesquisas recentes já mostraram que a grande maioria tende a ficar ao lado da soberania, identificando o presidente Lula como alguém que defende o Brasil nessa questão e se posiciona corretamente na história.
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