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Pedro Benedito Maciel Neto

Pedro Benedito Maciel Neto é advogado, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007.

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Mariana Conti: o heroísmo vs a idiotia

A participação da vereadora campineira Mariana Conti na Flotilha da Liberdade é humanitária, heroica e pedagógica

Mariana Conti (Foto: Câmara Municipal de Campinas)

A participação da vereadora campineira Mariana Conti na Flotilha da Liberdade é humanitária, heroica e pedagógica. Apesar disso, pelo menos dois vereadores de Campinas pretendem cassar seu mandato, sob argumentos que tangenciam a idiotia — que me perdoem os idiotas, que são, majoritariamente, pessoas de boa-fé.

Ressalvo: o fato de ela ser oposição ao governo que eu apoio em Campinas, que tem o PSB como vice-prefeito, não me impede de reconhecer o heroísmo da camarista. Ademais, ela faz uma oposição substantiva ao governo e, como sabemos, não há democracia sem oposição.

Não a conheço pessoalmente, nunca conversamos. Sua atuação parlamentar é marcante e, às vezes, falta conversar um pouco com o poder público, mas acredito que ela recebeu um chamado e que, ao ouvir o seu coração, passou a representar todos os campineiros que desejam um mundo de paz, um mundo de afeto, um mundo de ações generosas, um mundo sem genocídio e mortes em guerras estúpidas.

Quando falo em “chamado”, refiro-me ao mesmo sentimento que leva, todos os anos, mais de quatrocentos mil peregrinos do mundo todo a Santiago de Compostela ou os mais de nove milhões de pessoas que visitam o santuário de Aparecida anualmente.

Escrevo com conhecimento de causa, pois Celinha, o amor da minha vida, é peregrina e já buscou essa comunhão com o divino através de inúmeras peregrinações no Brasil e fora dele. É o mesmo “chamado” que faz Celinha dedicar-se ao voluntariado há mais de três décadas e que faz de mim, como um amigo me disse, um “militante da palavra escrita”.

Acredito que nossos gestos, nossas palavras e nossa militância têm também a função de inspirar, de chamar atenção para o que importa — e o que importa neste mundo é a PAZ, o desenvolvimento individual e social, num ambiente de respeito à diversidade.

Dentre aqueles que nos inspiram aqui em Campinas está Jonas Donizette, meu amigo e deputado federal pelo PSB. Ele escreveu no seu Instagram: "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12:2). Penso que este versículo incentiva as pessoas a não seguirem os padrões e costumes mundanos, mas, sim, mudarem sua maneira de pensar e agir através de uma renovação interior e de ações — especialmente através das ações.

Ainda no Instagram, o mesmo Jonas cita Filipenses 2:3, no qual há clara instrução de que os cristãos não devem fazer nada por egoísmo ou vaidade, mas sim na busca da unidade, com humildade e com genuína preocupação com os interesses alheios, inspirada pelo exemplo de Cristo Jesus.

Acredito que a vontade de Deus, independentemente do nome que tenha para o leitor, é a PAZ — uma paz que deve ser construída com palavras e ações humanas, com militância, luta, respeito às diferenças e sem vileza.

O Papa Francisco, que foi líder da minha Igreja, orientou a construção de um mundo melhor através de ações voltadas para a fraternidade, o diálogo, a solidariedade e o cuidado com a "Casa Comum" (a Terra), que se traduzem na proteção do meio ambiente, na atenção aos mais vulneráveis, na defesa da justiça social e no engajamento de todos na busca por um futuro sustentável e pacífico.

O que Mariana Conti, vereadora de oposição ao governo que eu apoio, fez foi seguir seu coração, ser leal à sua militância e, talvez sem perceber, ouvir a orientação de Francisco. Pois, ao integrar-se à Flotilha, ela nos chamou a atenção para a necessidade de, através de ações, promovermos a cultura do encontro, a paz, o respeito à dignidade humana e a solidariedade entre os povos, afastando-se da guerra e da violência. Também nos chamou a buscarmos a proximidade aos mais vulneráveis — afinal, estar perto dos pobres e dos necessitados, cuidando de suas feridas e necessidades, é fundamental, já que uma corrente é tão forte quanto seu elo mais fraco. Lutar contra a fome, a pobreza, a injustiça e a opressão, que são fontes de conflitos e instabilidade, é dever de todos nós.

Obrigado aos tantos heróis dos nossos dias, dentre eles os brasileiros que tentaram levar à Palestina, especificamente a Gaza, alimentos e remédios. Eles e elas nos representam e inspiram.

E àqueles que criticam esses heróis e heroínas, desejo que recebam a justiça de Deus e, se for o caso, a justiça dos homens.

Essas são as reflexões.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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