Cuidado com as lendas sobre o comércio Brasil-EUA
Desigualdade comercial expõe a farsa do discurso liberal enquanto Trump usa tarifas como arma de retaliação política contra o Brasil
Numa conjuntura na qual o Brasil debate o tarifaço de 50% anunciado pelo governo Trump, medida que representa uma ameaça bombástica para a região, é bom conhecer os números que envolvem o comércio entre as duas maiores economias do continente.
Basta uma consulta aos arquivos para se ter uma ideia consistente do comércio Brasil-Estados Unidos, assunto obrigatório quando se debate relações entre os dois países.
O que se nota é uma situação desigual. Entre 2001 e 2007, o comércio chegou a ser favorável ao Brasil, em números que chegaram a US$ 1,2 bilhão em 2001, US$ 10 bilhões em 2005 e assim por diante por mais dois anos.
A partir de 2008, a situação se inverte, tornando-se favorável aos EUA. Só para ficar em dois exemplos, em 2013 o saldo favorável aos Estados Unidos foi de US$ 11,3 bilhões e, em 2022, US$ 13,8 bilhões, num movimento coerente com a política de abertura às importações iniciada por sucessivos governos brasileiros no período.
Ao longo desta semana, num gesto escandaloso do ponto de vista de tratativas comerciais, Trump anunciou uma tarifa-monstro de 50% sobre as importações brasileiras. Alegou que a decisão nada tinha a ver com a conhecida ganância do sistema financeiro de qualquer parte do planeta. Seria uma resposta à decisão da Justiça brasileira que mandou prender o aliado Jair Bolsonaro, trancafiado pelo STF após ensaiar um crime de golpe de Estado contra o governo Lula, num processo realizado em inteiro acordo com a legislação do país.
Até agora, a Casa Branca mantém portas fechadas contra qualquer negociação capaz de destravar o mercado financeiro para as necessidades do governo do Brasil, nação que abriga uma das maiores populações do planeta, hoje alvo permanente dos tubarões que infestam a economia a partir de Washington–Nova York. Este é o jogo de Trump.
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